Com Silveira mantido, Alcolumbre agora pressiona por mudanças no segundo escalão do ministério
Intenção do presidente do Senado era derrubar o ministro para favorecer o “rei do gás”, mas o presidente Lula garantiu a permanência de Alexandre Silveira
247 - Depois de o presidente Lula (PT) reagir às pressões de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e afirmar, em entrevista a rádios mineiras, que não há motivo para tirar Alexandre Silveira (PSD) do comando do Ministério de Minas e Energia (MME), o presidente do Senado colocou em prática seu plano B, segundo Malu Gaspar, do jornal O Globo.
O senador articula duas reivindicações alternativas. A primeira é colocar Victor Saback, atual secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, na secretaria-executiva do MME, substituindo Arthur Valério, que está de saída. A segunda é indicar um novo presidente para a Pré-Sal Petróleo (PPSA), empresa vinculada ao ministério, atualmente sob o comando interino de Tabita Loureiro.
A PPSA gerencia os contratos de produção do pré-sal e arrecada royalties da exploração de petróleo e gás natural para a União, que depois são repassados para Estados, municípios e o Distrito Federal. Somente neste ano, a previsão é de que sejam arrecadados US$ 5,8 bilhões (R$ 33,4 bilhões na atual taxa de câmbio), com projeção de crescimento para 2026, alcançando US$ 7,6 bilhões (R$ 43,8 bilhões).
Parte desses recursos é destinada ao Fundo Social do Pré-Sal, cobiçado pelo empresário Carlos Suarez, conhecido como “rei do gás”. Suarez busca financiamento para a construção de gasodutos que viabilizem sua rede de distribuidoras de gás em diversos estados. Nos bastidores, Alcolumbre articulava a substituição de Silveira para favorecer os interesses do empresário.
Suarez é também contra a aquisição de térmicas da Eletrobras na Amazônia pela Âmbar Energia, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e tenta barrar a operação na Justiça por meio da estatal Cigás, que ele controla.
Apesar da pressão, Lula assegurou que Silveira continuará no cargo, descrevendo-o como um “ministro excepcional”. “Ele será mantido ministro, não há por que mexer numa coisa que está fazendo uma revolução no setor energético brasileiro e no setor de Minas desse país”, declarou o presidente.
A decisão de Lula representa uma derrota significativa para Alcolumbre, que vinha se mobilizando para ampliar sua influência no governo. Desde o início das discussões sobre uma reforma ministerial, o presidente do Senado buscou apoio para pressionar o Palácio do Planalto a trocar Silveira. No entanto, Lula sempre resistiu à ideia, e, diante da insistência, cogitou até mesmo enquadrar o ministro na sua cota pessoal, garantindo sua permanência no governo independentemente da posição do PSD.
Nos bastidores, um dos nomes cogitados para assumir o MME foi o do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No entanto, Pacheco, que considera disputar o governo de Minas Gerais em 2026, rejeitou a ideia, avaliando que assumir a pasta implicaria um desgaste desnecessário e o tornaria um adversário direto de Silveira.
A relação entre Alcolumbre, Pacheco e Silveira se deteriorou ao longo do governo. No início da gestão, os três eram aliados e apoiaram a nomeação de Silveira, mas a crise se instaurou quando perceberam que o ministro não cederia completamente às demandas do Senado e de seus aliados empresariais. O resultado foi um embate político que culminou na tentativa frustrada de Alcolumbre de derrubá-lo.
Agora, com Silveira fortalecido no cargo e Lula dando um recado claro sobre sua permanência, Alcolumbre busca reposicionar sua estratégia, tentando influenciar nomeações no segundo escalão do MME. A investida do presidente do Senado pode indicar uma tentativa de manter sua relevância na articulação política e de não sair completamente derrotado da disputa.
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