Dois anos após os ataques de 8 de janeiro, balanço revela responsabilização dos envolvidos
Com 898 pessoas penalmente responsabilizadas, a tentativa de golpe ainda gera reflexos jurídicos e financeiros, com ações civis e bloqueios milionários
247 - Dois anos após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que marcaram a invasão e depredação dos prédios do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto, o impacto dos acontecimentos ainda reverbera em diversas esferas da Justiça. Os ataques, que resultaram em prejuízos milionários, foram acompanhados de uma intensa resposta legal: até o momento, 898 pessoas foram responsabilizadas, e 155 delas estão presas. O número é composto por 78 detidos preventivamente, 70 com condenação definitiva e 7 em regime domiciliar. A Procuradoria-Geral da República (PGR) tem atuado de forma firme no caso, denunciando um total de 1.682 envolvidos, sendo 371 deles condenados.
As ações penais em andamento envolvem uma série de crimes graves, como golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada. Além disso, 527 pessoas firmaram Acordos de Não Persecução Penal (ANPP), medida que exige a confissão dos crimes cometidos e impõe sanções, como prestação de serviços à comunidade e o cumprimento de outras obrigações, incluindo a proibição de participar de redes sociais abertas.
De acordo com os dados das investigações, informa o Metrópoles, os denunciados foram classificados em quatro núcleos: incitadores, executores, financiadores e autoridades. Cada um desses grupos possui diferentes responsabilidades, sendo que os "executores", por exemplo, são os que participaram diretamente dos ataques e, em sua maioria, foram presos em flagrante. Já os "incitadores", que permaneceram no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, incitando uma intervenção militar, receberam penas mais brandas, como prestação de serviços à comunidade.
Entre as provas que embasaram as condenações, estão fotografias e vídeos coletados nos celulares dos denunciados, apreensões de materiais lesivos como facas, canivetes e gás lacrimogêneo, além de documentos de inteligência que mostram a adesão de muitos dos envolvidos ao movimento extremista, que visava desestabilizar o Estado e contestar o resultado das eleições de 2022.
As investigações seguem em andamento, e algumas figuras públicas estão sendo investigadas por omissão ou participação nos financiamentos dos atos. Até agora, 63 pessoas foram identificadas como financiadores, que custearam a logística dos protestos, incluindo transporte e alimentação para os envolvidos. A Advocacia-Geral da União (AGU) também tem atuado no caso, ingressando com ações civis públicas e garantindo o bloqueio de bens de mais de 200 indivíduos e entidades envolvidas nos ataques. O valor total bloqueado até o momento soma R$ 26,2 milhões, sendo R$ 3 milhões em dinheiro e R$ 4,5 milhões em veículos.
Além disso, o impacto dos atos ainda gera demandas por reparações financeiras, como no caso da ação da AGU que cobra R$ 100 milhões em danos morais coletivos, em razão dos ataques aos valores do Estado Democrático de Direito.
Apesar da amplitude das ações, a Justiça tem sido cuidadosa ao analisar os casos individualmente, como no caso de Jeferson Franca da Costa Figueiredo, um morador de rua que foi preso na manhã dos ataques, mas acabou absolvido após a revisão de sua prisão preventiva. Ele foi inicialmente preso por ser confundido com um participante ativo dos ataques, mas uma nova avaliação das evidências levou à sua liberação.
O episódio de 8 de janeiro continua a ser um marco na história recente do Brasil, com repercussões políticas, sociais e jurídicas. As consequências para os envolvidos, sejam prisões, penas ou multas, ainda estão sendo consolidadas, e o país segue diante de um cenário de reflexão sobre a democracia, a justiça e os desafios de garantir a estabilidade institucional diante de movimentos extremistas.
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