Fora da agenda, Bolsonaro recebeu advogados de Flávio para discutir relatórios do caso Queiroz
Após a reunião, ocorrida em 25 de agosto, GSI, Abin, Receita Federal e Serpro foram mobilizados por Bolsonaro para encontrar alguma prova que apontasse irregularidade nos relatórios de movimentações atípicas de Flávio Bolsonaro, produzidos pelo Coaf
247 - Jair Bolsonaro teve uma reunião com os advogados do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para discutir dados sobre "irregularidades das informações constantes dos Relatórios de Investigação Fiscal" que citaram o parlamentar. O encontro aconteceu no dia 25 de agosto, mas não estava na agenda oficial. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) investiga o filho de Jair Bolsonaro desde julho de 2018 por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa junto com o ex-assessor do parlamentar Fabrício Queiroz.
Em relatório, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que apontou movimentações atípicas em 75 assessores e ex-assessores de deputados estaduais na Assembleia Legislativa do Rio, onde Flávio Bolsonaro cumpria mandato antes de ser eleito senador. Um dos funcionários citados era Queiroz com transações atípicas num total de R$ 1,2 milhão. Queiroz foi preso em junho na cidade de Atibaia (SP), onde estava escondido num imóvel que pertence a Frederick Wassef, ainda defensor de Flávio Bolsonaro na época. Depois ele deixou a defesa do congressista.
Na mesma reunião estiveram presentes o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem. O ministro do GSI também não registrou o encontro na agenda oficial. O encontro foi revelado pela coluna de Guilherme Amado e também confirmado pelo jornal O Globo.
Após a reunião, GSI, Abin, Receita Federal e Serpro foram mobilizados para encontrar alguma prova que apontasse irregularidade nos relatórios produzidos sobre o senador pelo Coaf.
Em nota, os advogados Luciana Pires, Juliana Bierrenbach e Rodrigo Rocca, que atuam na defesa de Flávio, informaram que levaram ao "conhecimento do GSI as suspeitas de irregularidades das informações constantes dos relatórios de investigação fiscal lavradas em seu nome, já que diferiam, em muito, das características, do conteúdo e da forma dos mesmos relatórios elaborados em outros casos, ressaltando-se, ainda, que o relatórios anteriores do mesmo órgão não apontavam qualquer indício de atividade atípica por parte do senador".
De acordo com os advogados, "o fato foi levado diretamente ao GSI por ter sido praticado contra membro da família do Senhor Presidente da República".
No ano passado, Frederick Wassef, ex-defensor de Flávio, levou ao Supremo Tribunal Federal uma discussão sobre a quebra de sigilo bancário e fiscal sem autorização judicial por meio dos relatórios, o que seria ilegal. A Corte não deu aval para a tese, mas não discutiu o mérito dos relatórios sobre Queiroz e Flávio.
De acordo com extratos bancários de Queiroz, o ex-assessor depositou 21 cheques na conta de Michelle, entre 2011 a 2016, totalizando R$ 72 mil. Márcia Aguiar, esposa de Queiroz, depositou outros seis, totalizando R$ 17 mil.
No primeiro semestre deste ano, o procurador da República Sérgio Pinel afirmou ter encontrado “fortes indícios da prática de crime de lavagem de dinheiro” envolvendo Flávio. O MP-RJ investiga o possível esquema de rachadinha no antigo gabinete de Flávio na Alerj desde 2018 e teria dito ter encontrado indícios de que o senador lavou R$ 2,27 milhões com compra de imóveis e em sua loja de chocolates.
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