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Desenbahia amplia incentivos fiscais à BYD e oferece financiamento para táxis elétricos

Financiamento de capital de giro da agência de fomento via ProAuto e linha de crédito para táxis elétricos impulsionam economia baiana

BYD D1 EV (Foto: BYD/Divulgação)

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Por Camila França (247) - Em entrevista exclusiva à TV 247, o presidente da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), Paulo Costa, detalhou a parceria com a montadora chinesa BYD, que está se instalando no polo industrial de Camaçari. Segundo Costa, a Desenbahia não financiará diretamente os investimentos da BYD na construção da fábrica, estimados em R$ 5 bilhões. "Esses recursos são de responsabilidade da BYD. Ela levantará esses recursos na China, com bancos chineses, internacionais ou até mesmo com o BNDES. Nós, da Desenbahia, não temos participação nesse investimento", afirmou.

A atuação da Desenbahia ocorre por meio do ProAuto, um programa de benefícios fiscais para o setor automobilístico, do qual a BYD é beneficiária. "Dentro do ProAuto, temos um capítulo que fala do financiamento do capital de giro, e é aí que nós entramos como operadores do fundo", explicou Costa.

O presidente detalhou que a agência pode financiar até 12% do faturamento da empresa, valor equivalente ao ICMS devido. "Funciona assim: emprestamos o valor que a empresa precisa para pagar o ICMS, e ela passa a ter uma dívida conosco, que pode ser paga com descontos significativos", disse. "Nos primeiros seis anos, o desconto é de 98%, o que representa uma vantagem muito grande para a empresa."

Paulo Costa destacou os critérios para que uma empresa seja beneficiária do ProAuto. "O investimento mínimo é de R$ 1 bilhão. Além disso, há condicionantes como capacidade de produção, geração de empregos e implementação de centros tecnológicos", afirmou. Ele acredita que a BYD contribuirá significativamente para o desenvolvimento tecnológico e a qualificação da mão de obra na Bahia, especialmente em tecnologias modernas como carros elétricos.

A escolha da BYD pela Bahia foi influenciada pela infraestrutura já existente no Estado, especialmente após a saída da Ford. "Aqui já tínhamos uma planta pronta, prédios principais, equipamentos e facilidades logísticas. Isso fez uma diferença danada", comentou. "Os incentivos fiscais são importantes, mas não é todo estado que tem uma infraestrutura logística pronta para oferecer”, pontua Costa. 

O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), que participou ativamente das negociações para trazer a empresa ao estado, ressaltou que esses incentivos, previstos no ProAuto e no Fundese, não representam perdas de arrecadação para o estado, pois são baseados em novos tributos que serão gerados com a operação da fábrica. “Os incentivos só entram em ação se houver atividade econômica. Não estamos abrindo mão de receita já existente. Estamos, na verdade, estimulando o desenvolvimento e a criação de novos empregos”, explicou o deputado.

Almeida relatou que a articulação começou ainda no governo de Rui Costa, que iniciou conversas com a China. “Quando Jerônimo Rodrigues assumiu o governo da Bahia, uma das primeiras viagens dele foi para a China, e eu acompanhei esses movimentos de perto. Participamos das conversas bilaterais que, muitas vezes, não chegaram à imprensa, mas que resultaram nesse acordo estratégico para o estado”, explicou Almeida, destacando o papel do governo Lula na retomada das relações internacionais e na reindustrialização do Brasil.

Expansão do ProTáxi para veículos elétricos - Na entrevista, Costa anunciou a expansão do programa ProTáxi, que existe desde 1994 e visa renovar a frota de táxis em Salvador. Agora, o programa inclui a possibilidade de os taxistas financiarem veículos elétricos. "Com a vinda da BYD, nos sentimos motivados a acrescentar ao ProTáxi a possibilidade de troca por um carro elétrico, de qualquer marca", disse.

O financiamento para carros elétricos pode chegar a até R$ 100 mil, enquanto para veículos a combustão o limite é de R$ 60 mil. "Já financiamos cerca de dez carros elétricos e temos mais dez em processamento. Estamos dando tempo para que os taxistas vivenciem essa experiência e decidam se é vantajoso", explicou.

Costa ressaltou que o ProTáxi oferece condições mais favoráveis do que as disponíveis no mercado, com taxas de juros de 15% ao ano e prazo de pagamento de até 60 meses. "Queremos facilitar a aquisição de veículos elétricos e contribuir para uma frota mais qualificada na cidade", afirmou.

Apesar de rumores, o presidente esclareceu que não há um contrato específico com a BYD para o financiamento de seus veículos. "Não temos nenhum acordo para financiar carros da BYD especificamente. O programa está aberto a veículos elétricos de qualquer marca", ressaltou.

Expectativas para a BYD na Bahia - Sobre o cronograma de instalação e operação da fábrica da BYD em Camaçari, Paulo Costa mostrou-se confiante. "A BYD é uma empresa muito competente. A planta inicial é voltada para a montagem de carros que virão semi montados da China, e com o tempo, mais componentes serão produzidos aqui", disse.

Ele destacou que a BYD já tem um estoque grande de carros no país e que, mesmo com possíveis atrasos, a empresa está preparada para se firmar no mercado brasileiro. "O que é mais importante para ela é fixar-se no mercado e colocar um produto de qualidade, o que já está conseguindo com o estoque disponível", concluiu.

Receptividade dos taxistas - Quanto à adesão dos taxistas ao programa de financiamento de veículos elétricos, Costa afirmou que o processo é gradual. "O taxista é muito seguro. À medida que aqueles que estão utilizando carros elétricos se sentirem confiantes e perceberem as vantagens, isso vai se espalhando pela categoria", observou.

Ele acredita que o tempo será crucial para demonstrar a eficiência e os benefícios dos veículos elétricos no dia a dia dos profissionais. "Não tem jeito, a realidade se imporá como normalmente acontece", afirmou.

Perspectivas futuras - Paulo Costa enfatizou a importância da BYD para a economia baiana e expressou otimismo quanto ao impacto positivo da montadora no Estado. "É um salto do ponto de vista tecnológico e na geração de empregos de alta qualidade. Todos nós estamos muito motivados a trabalhar nesse projeto", declarou.

Ele finalizou destacando que a Desenbahia continuará atuando para promover o desenvolvimento econômico e tecnológico da Bahia, sempre buscando parcerias que beneficiem a população e impulsionem o crescimento sustentável. 

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