Lula promete ajuda federal para resolver confronto entre indígenas e fazendeiros na Bahia
Estado vive anos de tensões entre povos indígenas e agricultores. Bolsonaro apoiava os direitos dos agricultores, mas Lula tem apoiado as reivindicações indígenas
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu nesta terça-feira uma resposta federal depois que um conflito por terras entre indígenas e fazendeiros no sul da Bahia levou à morte a tiros de uma líder pataxó-hã-hã-hãe.
"Quero colocar o governo federal à disposição do Jerônimo (Rodrigues, governador da Bahia) e dos povos indígenas para encontrar uma solução de forma pacífica", disse Lula em uma entrevista à Rádio Metrópole, de Salvador.
Cerca de 200 proprietários de terras se reuniram em caminhonetes em uma fazenda nos arredores da cidade de Potiraguá, no domingo, para expulsar uma comunidade indígena e recuperar a terra reivindicada pelo povo Pataxó. O ataque resultou em disparo fatal contra Maria de Fátima de Andrade, líder conhecida como Nega Pataxó, enquanto outro líder foi ferido a tiros e levado ao hospital, informou o Ministério dos Povos Indígenas.
O incidente destaca anos de tensões entre os povos indígenas e agricultores sobre o direito à terra. O ex-presidente Jair Bolsonaro apoiava os direitos dos agricultores, mas Lula tem apoiado as reivindicações indígenas como parte de sua promessa mais ampla de preservar o meio ambiente.
Na segunda-feira, a polícia baiana prendeu dois fazendeiros sob acusações de homicídio e tentativa de homicídio. "É inaceitável o ataque contra o povo Pataxó que aconteceu neste domingo, na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, no sul da Bahia", afirmou a ministra Sonia Guajajara, que foi nomeada no ano passado por Lula para chefiar o recém-criado ministério, tornando-se a primeira pessoa indígena no Brasil a ser ministra.
A polícia disse que prendeu um indígena pataxó por posse de uma arma de fogo de fabricação caseira, enquanto um agricultor foi ferido no braço por uma flecha. Os confrontos por terras agrícolas reivindicadas por grupos indígenas como suas terras ancestrais tornaram-se violentos à medida que o cinturão agrícola brasileiro tem se expandido em direção à Amazônia.
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