Miriam Leitão: descumprimento da ordem do TSE é ataque da PRF à democracia
"Este foi o lado sombrio desta eleição que nos deixa uma lista do que fazer para aperfeiçoar a democracia e defendê-la", descreveu
247 - A jornalista Miriam Leitão, em sua coluna no jornal O Globo, fez duras críticas ao governo Bolsonaro que, no dia de votação do segundo turno das eleições presidenciais, autorizou a Polícia Rodoviária Federal a realizar bloqueios de estradas no Nordeste, dificultando a locomoção de eleitores do ex-presidente Lula (PT) que precisaram se deslocar para votar.
Segundo Leitão, “o governo usou a máquina pública o tempo todo dessa eleição, mas utilizar a Polícia Rodoviária Federal para desrespeitar a ordem do TSE, e cercear o direito do voto, foi uma escalada. Por isso, a reação forte de Alexandre de Moraes”.
Contrariando determinação do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que proibiu a PRF de realizar blitze, a corporação realizou neste domingo (30) mais de 500 abordagens em ônibus, superando em 70% o número de abordagens no primeiro turno.
“O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, agiu preventivamente porque havia denúncias de risco de instrumentação da Polícia Federal. Ele soltou uma decisão para que os agentes não fizessem operações. No entanto, as denúncias chegaram desde cedo de que os agentes continuam fazendo as fiscalizações contra ônibus, principalmente no Nordeste, e isso é muito grave. Agora, Moraes deu nova ordem e determinou que o diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, interrompa "imediatamente" operações da corporação sobre transporte público de eleitores e o intimou a ir ao TSE”, escreveu a jornalista.
Leitão destaca que este pode ser considerado o episódio mais sombrio da eleição de 2022 . “Nesta campanha, pela primeira vez houve uma ação do TSE para atenuar, mas as fake news continuam sendo um desafio para a democracia brasileira nos próximos tempos. Outros desafios será evitar o assédio eleitoral de patrões sobre seus empregados e o uso abusivo da igreja, principalmente os da igreja evangélica para tentar controlar o voto dos fiéis, o que não é possível num estado laico”, finalizou.
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