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Nordeste tem 665 casos de conflitos pela terra e CPT alerta para 'violência e impunidade' dos latifundiários

Em 2023, a região Nordeste se destacou como a segunda no Brasil com o maior número de conflitos no campo

Fazendeiros destruíram plantações em acampamento do MST no município de Itabela (BA) (Foto: Coletivo de Comunicação MST-BA)

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Rodolfo Rodrigo, Brasil de Fato - Em 2023, a região Nordeste se destacou como a segunda no Brasil com o maior número de conflitos no campo, registrando 665 casos. O cenário é ainda mais preocupante na Bahia, que alcançou a posição de estado com o maior número de conflitos do tipo no Brasil, com 249 ocorrências. Os dados foram apresentados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) em seu relatório anual, divulgado no dia 31 de julho, traçando um panorama da violência no campo em diversos estados da região.

Sobre o assunto, o Trilhas do Nordeste, programa do Brasil de Fato Pernambuco em parceria com a Rede TVT, entrevistou Cecília Gomes, integrante da coordenação nacional da CPT. Ela destaca que essa violência está enraizada na história de colonização do país, onde a concentração de terras nas mãos de poucos perpetua a desigualdade e a exploração. "Essa crescente está muito mais vinculada à disputa por terras e recursos naturais, como minérios e água, especialmente para inserção das energias renováveis e da mineração", explica Cecília.

Segundo o relatório, os conflitos no campo na Bahia vêm aumentando desde 2016, afetando diretamente comunidades quilombolas, indígenas, moradores de fundo e fecho de pasto e famílias sem terra. Em Pernambuco, mais de 18 mil camponeses e camponesas foram impactados pelos conflitos em 2023, conforme o documento.

A CPT, que mapeia essas violências desde 1985, realiza esse trabalho por meio do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (CEDOC), recebendo informações de seus agentes, movimentos e organizações. O objetivo do relatório é não apenas registrar as violações de direitos no campo, mas também fomentar o diálogo com a sociedade sobre a persistente violência e impunidade nessas áreas.

Resistindo - A resistência das comunidades rurais, principalmente a das chamadas "famílias posseiras" – aquelas que historicamente ocupam e vivem em determinado território –, tem sido intensa. Segundo o relatório, 1.267 famílias no Nordeste resistiram aos processos de expulsão em 2023, enquanto 3.148 foram despejadas de seus territórios.

A CPT tem atuado junto ao Ministério Público e à Defensoria Pública da União (DPU) para tentar barrar os despejos e garantir o direito dessas famílias de permanecerem em suas terras, explicou Cecília.

Com a proximidade das eleições municipais de outubro, ela ressalta a importância de os municípios e a sociedade avaliarem quais candidatos e partidos estão comprometidos com os direitos das famílias camponesas.

Segundo a coordenadora, muitos desses conflitos têm raízes na relação entre grandes proprietários e o agronegócio, que buscam expandir suas posses em detrimento das comunidades rurais, por isso "é fundamental identificar quais candidatos dialogam com a reforma agrária e quais estão vinculados ao agronegócio e à retirada do povo do campo", conclui.

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