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    Pistoleiros matam filho de 9 anos de líder camponês

    Sete homens armados invadiram a residência da família de Geovane da Silva Santos e terminaram matando Jonatas de Oliveira dos Santos, 9 anos, em PE

    Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro do STF Ricardo Lewandowski (Foto: Comunicação CPT PE)
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    Rodolfo Rodrigo, Brasil de Fato | Recife (PE) - Uma criança de nove anos foi morta a tiros em ataque que aconteceu na noite desta quinta-feira, 10 de fevereiro, no Engenho Roncadorzinho, município de Barreiras, na Mata Sul de Pernambuco. Jonatas de Oliveira dos Santos era filho de uma das principais lideranças comunitárias e presidente da associação dos agricultores e agricultoras do local, Geovane da Silva Santos, que foi atingido no ombro esquerdo e passa por recuperação. 

    De acordo com informações dos moradores, por volta das 21h, sete homens armados e encapuzados invadiram a residência da família de Geovane efetuando vários disparos. Um tiro teria atingido o pai no ombro, e outros a criança que estava embaixo da cama com a mãe. Essa não é a primeira violência que aconteceu nesta localidade. As vítimas também já sofreram ameaças e tentativas de roubo.

    A Comissão Pastoral da Terra (CPT) acompanha o caso de conflito por posse das terras. Segundo Lenivaldo Lima, advogado da CPT, os conflitos já estavam sendo denunciados: “A CPT e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE), e outras instituições que têm trabalhado com os conflitos da Mata Sul, tem denunciado essas áreas, principalmente aqui no litoral, como uma das áreas que estavam em potencial conflito, em potencial com indícios de que a violência poderia acontecer a qualquer momento” .

    Ainda segundo o advogado, nos primeiros ataques à família deGeovane, não foi dada atenção necessária para o caso.“O pessoal não deu a importância devida aos fatos e agora aconteceu isso”, diz.

    O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), deputado Carlos Veras (PT/PE), cobrou das autoridades pernambucanas a apuração rigorosa. Foram enviados ofícios para o governador do estado, para o procurador-geral de Justiça e para o secretário de Defesa Social de Pernambuco.

    Nos documentos, o presidente lembra que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias realizou diligência na região da Mata Sul de Pernambuco em 15 de dezembro, quando recebeu denúncias dos agricultores familiares e procurou contribuir com a mediação de conflitos na região. “É gravíssimo que menos de dois meses depois um atentado tire a vida de uma criança”, ressalta Veras.

    A Polícia Civil de Pernambuco, por meio da Delegacia Seccional de Palmares, registrou o caso como uma tentativa de homicídio e um homicídio de uma criança. A equipe do Brasil de Fato Pernambuco procurou a Polícia Civil para mais informações. Em nota, eles informaram que o caso segue em investigação até a completa elucidação do ocorrido.

    Luta por terra

    Segundo a CPT, a ocupação das famílias agricultoras no Engenho Roncadorzinho aconteceu após a falência das usinas em que trabalhavam ou eram credoras. Sem acesso aos direitos trabalhistas, essa foi a única opção.

    O Engenho foi propriedade da Usina Central Barreiros, mas atualmente está sob administração do Poder Judiciário. A comunidade abriga cerca de 400 trabalhadores rurais posseiros, sendo destes, 150 crianças.

    A comunidade existe há 40 anos, mas, desde 2018, têm sofrido diversas ameaças e violência promovidas por empresas que exploram a área economicamente. De acordo com a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE), acontecem intimidações, destruição de lavouras e contaminação das fontes de água e cacimbas do imóvel por meio da aplicação direcionada de agrotóxicos. 

    Esses casos de violência já vinham sendo denunciados pela FETAPE e CPT há alguns meses, mas nenhuma medida efetiva dos órgãos do Estado foi tomada.

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