'PT não aceita que alguém de outro partido fique dando pito', diz José Guimarães em resposta a Carlos Siqueira
À Folha, presidente do PSB reclamou do PT por supostamente querer a hegemonia da federação. "PT não vai abrir mão de seu tamanho", disse Guimarães
247 - O deputado federal e um dos vice-presidentes do PT, José Guimarães (CE) respondeu na Folha de S. Paulo a cobranças públicas feitas pelo presidente do PSB, Carlos Siqueira, para que a federação entre os dois partidos, mais PV e PCdoB, saia do papel.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Siqueira reclamou do fato de o PT supostamente não estar oferecendo contrapartidas às siglas aliadas pelo apoio que será oferecido à campanha do ex-presidente Lula (PT) pela Presidência da República. Ele ainda se mostrou insatisfeito com o acordo de o PT controlar 27 das 50 cadeiras da federação, o que seguiria a proporcionalidade do tamanho das bancadas na Câmara.
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"A militância não aceita que alguém de outro partido fique dando pito no PT. 'Faça isso senão não vou...' Quem não quiser não vai. Não estamos pedindo favor a ninguém para compor a federação", afirmou Guimarães.
Segundo o parlamentar, a proporcionalidade das cadeiras na federação já havia sido acordada entre os partidos e é o justo a se fazer. "Ninguém pode querer ser mais do que outro se não tem voto para isso. (...) Ele [Carlos Siqueira] manifestou na reunião, eu estava nela, e eu tinha entendido que havia um consenso que se respeitasse o princípio da proporcionalidade. Ninguém tira tamanho dos partidos por decreto. O partido tem representatividade social, tem voto. O PT é do seu tamanho e é desse tamanho que nós vamos para a eleição. (...) O PT não vai abrir mão de seu tamanho, porque estaríamos incorrendo em um erro grave".
Sobre o entrave em São Paulo, onde o PT quer lançar o ex-ministro Fernando Haddad ao governo do estado e o PSB quer lançar o ex-governador Márcio França, Guimarães lembrou que o PT já abriu mão da disputa em Pernambuco e está disposto a fazer o mesmo no Espírito Santo e no Rio Grande do Sul. O deputado afirma que vê desrespeito de Siqueira em relação a Haddad, líder nas pesquisas. "Humberto Costa acabou de fazer um baita de um gesto. Renunciou a uma candidatura que está em primeiro lugar. Isso não conta? Eu já falei para o Siqueira: no Espírito Santo é só o governador Renato Casagrande apoiar o Lula. (...) Com o Freixo [pré-candidato do PSB ao governo do Rio], já tínhamos discutido lá atrás [apoiar]. No Rio Grande do Sul nós vamos discutir lá na frente".
"O Fernando Haddad foi nosso candidato à Presidência [em 2018], se colocou como alternativa. É o candidato do PT, como o PSB diz que tem candidato, o Márcio França. Eu defendo a ideia de que em São Paulo devemos unir Haddad, Márcio França, Guilherme Boulos [PSOL] e Geraldo Alckmin [ex-PSDB, que negocia ser vice de Lula]. (...) O PT dificilmente deixará de ter candidato a governador de São Paulo, pelo que representa o Haddad. (...) Eu acho que quando o Siqueira fala do Haddad é um pouco de falta de respeito. O Haddad é um quadro extraordinário da política brasileira, assim como é o Boulos, o Márcio França", falou.
Guimarães externou insatisfação com as declarações de Siqueira à imprensa, quando, para ele, as divergências teriam de ser tratadas internamente. O parlamentar garante, no entanto, que isto "não é motivo para interditar o diálogo, interditar o debate com a federação".
Sobre o Ceará, onde o PDT de Ciro Gomes tem grande influência, Guimarães afirmou que o objetivo continua sendo apoiar Lula para a Presidência, o governador do estado, Camilo Santana, ao Senado e achar um nome que una PT e PDT para concorrer ao governo. Questionado sobre os ataques de Ciro a Lula, o parlamentar disse: "são críticas desrespeitosas, infundadas, e que só atrapalham a nossa aliança no Ceará. Nós temos evidentemente considerado isso, não vamos fazer aliança no Ceará a ferro e fogo. São as contradições da política, mas nós, do PT, não vamos nos render a nada. Para nós do PT do Ceará é Lula, Camilo e aumentar a nossa bancada".
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