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    'A sensação é de reviver a dor', diz mãe de Marielle Franco em ato antes de júri popular

    Julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, que confessaram crimes, começa nesta quarta (30)

    Familiares de Marielle Franco (Foto: Reprodução/GloboNews)

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    Brasil de Fato - Os familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes participaram de um ato público na manhã desta segunda-feira (30), no Rio de Janeiro (RJ), antes do júri popular que decidirá se os réus Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, que confessaram participação direta no assassinato da vereadora e do motorista, serão condenados pelo crime.  

    O ato reuniu cerca de 300 pessoas em frente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), onde acontecerá o júri popular, que deve durar dois dias.  

    Marinete da Silva, mãe de Marielle Franco, afirmou que mesmo após quase sete anos, este dia significa reviver a data em que sua filha foi assassinada. “A sensação que eu tenho é de estar vivendo aquela dor, mas a gente vai tentar vencer depois de tanto tempo”.  

    “Não é normal, em lugar nenhum, fazer o que fizeram com a minha filha. É importante que esses homens saírem daqui condenados. Que não banalizem a vida da minha filha nem de outros filhos que foram ceifadas”, afirmou. 

    Silva também agradeceu ao apoio de todos que estiveram ao lado da família ao longo desses anos e que estão presentes no dia do julgamento. “Não tem como não se emocionar e não agradecera cada um que vem somando conosco nesse tempo todo. Nós estamos aqui também por vocês, que não nos largaram em nenhum momento para estarmos juntos nesse momento. É uma gratidão enorme”, disse Marinete. A vereadora Mônica Benício (Psol-RJ), viúva de Marielle, não foi ao ato. A presença, porém, é esperada no julgamento. 

    A irmã de Marielle Franco, a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, relembrou o dia do assassinato da irmã. “Perguntaram para a gente como conseguimos chegar aqui. Parecia que a gente estava chegando no velório. São quase sete anos de muita dor, de um vazio de uma mulher que lutava exatamente contra isso e foi assassinada da maneira que foi”, disse Anielle.  

    A ministra também disse que o maior legado da irmã “são as pessoas que têm lutado lado a lado conosco. A gente está hoje um pouco sem palavras, muito mexido com tudo, porque é reviver aquele momento”.  

    “O simbolismo da palavra justiça vai muito além do que vai acontecer hoje. Hoje é um é mais o passo dado, mas a gente espera que seja um passo que fique de exemplo, que fique de força, que fique num lugar onde não pode ser normal paralisar e assassinar uma mulher com cinco tiros na cabeça. Não é normal”, complementou. 

    “Hoje é uma mistura de sentimentos, mas é a certeza de que a gente lutou muito e a gente vai seguir lutando não somente pela Mari e pelo Anderson, mas por todos que virão. Pelas minhas filhas, pelas minhas netas e por todas as gerações que estão aí para que a gente tenha um lugar mais seguro”, concluiu a irmã da vereadora assassinada. 

    Por fim, a filha de Marielle Franco, Luyara Santos, também agradeceu aos presentes e afirmou que o júri popular é o “primeiro passo” para a Justiça. “Hoje é um dia muito difícil. Mas foi a coragem da minha família, da família do Anderson e dos movimentos que não largaram as nossas mãos desde o dia 14 de março que fizeram a gente estar aqui hoje”, afirmou. “O júri de hoje é o primeiro passo para essa justiça. Esse julgamento é também a esperança para outras vítimas desse estado que banaliza a violência que a gente vive".

    O júri - O júri popular de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz está previsto para começar às 9h desta quarta-feira (30). A expectativa de especialistas é que o julgamento dure ao menos uma semana. 

    Ao todo, durante essa primeira semana, sete testemunhas foram arroladas pelo Ministério Público Estadual: a mãe de Marielle, Marinete da Silva; a viúva da vereadora, Mônica Benício; a viúva de Anderson Gomes, Ágatha Reis; a única sobrevivente do atentado, Fernanda Chaves; uma perita criminal e dois policiais civis. 

    A defesa de Lessa convocou Guilhermo de Paula Machado Catramby, delegado da Polícia Federal, e Marcelo Pasqualetti, policial federal, para prestarem depoimento. Queiroz abriu mão de suas testemunhas. 

    Ronnie Lessa, que está na Penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo (SP), e Élcio Queiroz, que está no presídio da Papuda, em Brasília (DF), prestarão depoimento também, mas por videoconferência.

    *Com informações de Igor Carvalho.

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