Fezes na rua, churrascos e barulho infernal: o drama vivido por moradores em bairro de SP após golpistas acamparem em quartel
Policiais chegam ao local e abraçam os golpistas ao invés de controlarem a situação caótica. Moradores estão desesperados com a situação de abandono
247 - Reportagem de Luciana Bugni, publicada no portal UOL, relata o drama vivido pelos moradores do bairro de Santana, zona Norte de São Paulo, na rua Alfredo Pujol, após golpistas se instalarem em frente ao quartel. “Uma placa sinalizava que o acampamento montado em frente ao portão do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo já dura 34 dias. O mesmo cartaz convocava outros "patriotas" a se juntarem ao grupo”.
“A movimentação em nada lembra a circulação nas ruas dos arredores — por ali, os proprietários de vários estabelecimentos reclamam que o movimento caiu mais de 60%, desde o início das manifestações antidemocráticas, logo após o resultado do segundo turno das eleições, em 30 de outubro. O prejuízo se estende por mais de um mês, sem data para acabar. Quatro barracas de lona fecham a faixa exclusiva de ônibus e parte da calçada da avenida”, acrescenta a reportagem.
De acordo com o relato da jornalista, os moradores vivem momentos de desespero com o caos criado pelos golpistas. “Gritam dia e noite, noite e dia. É um inferno", diz uma moradora que vive há 30 anos na rua”.
“O filho dela trabalha de casa e tem dificuldade de fazer reuniões por causa do barulho dos protestos. Já o marido enfrenta um câncer. ‘Não dá para descansar. Não consigo dormir. Estamos desesperados’, conta ela, que disse já ter acionado a polícia e feito reclamação de barulho na Prefeitura.
“Outros moradores afirmam escutar gritos de ‘socorro’, ‘SOS’ e ‘salvem nosso Brasil’. Quando os reservistas saem para varrer a calçada em frente ao quartel, são aplaudidos. O mesmo acontece quando carros da polícia militar passam pela avenida: ‘Eles ligam o giroflex, buzinam e passam acenando aos golpistas, que batem palmas’, contou um morador. Ele já acionou a polícia por obstrução da via, mas afirmou que "só faltou os guardas fazerem um carinho nos bolsonaristas".
“A vizinhança está tão desesperada com a situação que fez um abaixo-assinado para cobrar providências dos órgãos competentes, mas até agora não teve resposta da subprefeitura nem da câmara de vereadores. Mais de 150 assinaturas foram reunidas.
Todos os moradores e comerciantes do local que foram ouvidos pediram que a reportagem não os identificasse na reportagem. ‘Tenho muito medo. E já vi que eles andam armados. Não consigo mais andar aqui à noite tranquilo", afirmou o proprietário de uma loja na região, relata a reportagem.
“Segundo as testemunhas, é à noite que o movimento aumenta. ‘A via vira um banheiro público. ‘Tenho certeza de que um cara defecou em uma sacola no próprio carro e voltou para jogar a sacola no lixo’” afirmou um funcionário que trabalha na quadra onde ficam as barracas. Parte dos manifestantes urina nas árvores e nos vasos de plantas.
A jornalista expõe a logística dos golpistas: “Durante o dia, eles operam em escalas: um grupo chega às 7h e sai no meio da tarde, quando entra outro grupo, que deixa a esquina às 23h. Nessa hora aparece quem vai passar a madrugada. Um homem forte parece fazer a segurança do local nesse período. O cardápio dos golpistas é variado: carros de luxo, como Mercedes, BMWs e motos Harley-Davidson param por ali de tempos em tempos para descarregar comida. Aos fins de semana, os churrascos varam a madrugada. Esfihas e caldos também fazem parte da dieta de quem está de plantão”.
“Para proteger o grupo do intenso trânsito local — que está totalmente prejudicado, já que toda a faixa de ônibus está tomada —, cones da CET cercam a aglomeração e dão um tom de manifestação pacífica. A própria polícia afirmou aos moradores que os manifestantes não são violentos, então não há motivos para tirá-los de lá. "Outro dia, um policial me disse que o gigante acordou. Foi embora sem dizer nada para o pessoal que estava atrapalhando a passagem na calçada e bloqueando a entrada dos bares que funcionam ali", contou uma moradora indignada”.
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