Filha de Ronnie Lessa diz que já pensou em mudar de nome por causa dele
“Ver sua imagem me embrulha o estômago”, disse Mohana sobre o pai, assassino de Marielle
247 - A filha de Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, afirmou ao jornal o Globo que sempre era uma “defensora ferrenha” e acreditava na inocência do pai até a sua delação. Durante a semana passada, Mohana, de 28 anos, participou do depoimento de Lessa em audiência por videoconferência do Supremo Tribunal Federal (STF). Ela assistia e ouvia o pai, mas manteve sua câmera desligada.
Mohana afirmou que já pensou em trocar de nome por causa do pai. “Ver a imagem dele me embrulha o estômago. É difícil olhar para ele, conversar. Olho e penso comigo mesma: "O que você fez, Lessa?". Já pensei em mudar de nome por causa dele. Pelo menos o sobrenome. Pensei em tirá-lo da minha identidade. Mas ele é meu pai, e nunca deixará de ser. As coisas nunca serão como antes. Agora ele tem que assumir e pagar pelo que fez”, afirmou.
Ela relatou que Lessa chegava a chorar com ela quando alegava inocência. “Ele sempre alegou inocência. Chegava a chorar comigo. Hoje entendo que ele fazia isso para se proteger. Eu estudei minuciosamente os processos dele, tentando ajudá-lo em sua defesa. Até as pesquisas que ele fez, eu descobri que eram matérias de jornal. Fui até o advogado dele e expliquei que 70% delas eram de matérias jornalísticas. Não sabíamos das buscas do CC Fácil (pesquisa feita por Lessa, usando o e-mail de uma pessoa falecida, descoberta pela Força-Tarefa Marielle e Anderson, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), sobre as buscas aos endereços da vereadora). O endereço da Rua do Bispo, no dia 12, dois dias antes da morte de Marielle, era a pior prova contra ele, até então. Eu não conseguia aceitar isso, mas continuei sendo sua defensora ferrenha”, disse.
Mohana vivia em Orlando, nos Estados Unidos, na época do assassinato de Marielle. Ela voltou para o Brasil quando o pai foi preso e chegou a responder a um processo por contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. Segundo a versão do réu colaborador, Lessa pedia que ela lhe enviasse o material para montar fuzis de airsoft e de pressão a gás. Ela foi absolvida.
A jovem conta que sua vida se tornou um pesadelo desde 2019. “Minha mãe tem muita mágoa do meu pai por tudo que passamos por causa dele. Passei cinco anos defendendo-o, até ele fazer a delação. Fiquei em choque. Eu me dediquei a ele. Engordei 50 quilos com isso tudo. Tenho doenças como TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) e tricotilomania (impulso de arrancar fios de cabelo e pelos do próprio corpo para alívio da tensão), que se agravaram muito. Hoje faço terapia, tomo quatro remédios controlados e fiz uma bariátrica”, relatou.
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