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    Flávio Bolsonaro se envolve em disputa por mansão de R$ 10 milhões em Angra dos Reis

    A disputa pelo imóvel tem "episódios dramáticos": uma senhora de 78 anos diz ter sido enganada para assinar um documento e uma mulher grávida foi expulsa da casa durante a noite

    (Foto: Reprodução | Jefferson Rudy/Agência Senado)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi arrolado como testemunha em um processo que envolve a disputa por uma mansão de R$ 10 milhões, localizada na paradisíaca Ilha Comprida, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, informa Guilherme Amado, do Metrópoles. A casa tem 11 suítes, praia privativa, cachoeira, piscina, quadra de tênis e heliponto, entre outros luxos. 

    O imóvel foi vendido em 2020 para a Sport 70, empresa do jogador da Seleção Brasileira Richarlison e de seu empresário. Em maio de 2022, porém, a Justiça, em decisão liminar, transferiu a posse do imóvel ao advogado Willer Tomaz, amigo de Flávio Bolsonaro. Tomaz entrou na briga pela mansão há dois anos, desde quando Flávio se encantou com o lugar.

    "Após tentar em 2021 comprar o imóvel, da mesma pessoa de quem a empresa de Richarlison havia adquirido, Tomaz iniciou uma batalha judicial cheia de episódios dramáticos, incluindo uma senhora de 78 anos que diz ter sido enganada para assinar um documento e a expulsão de uma mulher grávida da casa, durante a noite, pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, em maio deste ano. A coluna teve acesso a todos os documentos do caso, que corre no Tribunal de Justiça do Rio", relata o jornalista.

    Flávio conheceu a mansão no último fim de semana de julho de 2020, quando foi à Angra acompanhado de sua esposa, a dentista Fernanda Bolsonaro, e do então ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), para a cerimônia de começo das obras do aeroporto da cidade. Convidados pelo ex-senador Wilder Morais (PL-GO) para conhecerem o imóvel, foram recebidos pelo então dono, Antônio Marcos, que já negociava a venda para a empresa de Richarlison. "De volta àquele dia 26 de julho de 2020, após Antônio Marcos, Flávio e os demais passarem o dia entre o mar e a cachoeira, o grupo se encontrou novamente para um jantar na casa de Wilder Morais, e Antônio Marcos contou que aqueles seriam seus últimos meses na mansão da Ilha Comprida, já que o imóvel estava sendo vendido para a empresa de Richarlison. Cinco meses se passaram e, em 1º de janeiro de 2021, Antônio Marcos recebeu um telefonema informando que Flávio estava em frente à casa, e desta vez acompanhado por um amigo, a quem queria mostrar o imóvel. Era Willer Tomaz. Os dois haviam ancorado uma lancha em frente à propriedade, sem terem sido convidados por Antônio Marcos nem por quem, naquele momento, já eram seus donos: Richarlison e seu empresário", conta a reportagem.

    Antônio Marcos barrou a entrada de Flávio e Tomaz no imóvel, explicando que não era mais dono da mansão. "Contei a Willer Tomaz e ao Flávio que já tinha negociado (a casa). Willer dizia ‘Ah, será que ele (o novo dono) não vende? Você não consegue cancelar a venda? Como está o contrato, ele tá te pagando ainda ou pagou tudo?’, e eu dizia que não tinha como, porque o negócio já tinha sido feito". No mesmo dia, sem a devida autorização, o senador fez imagens aéreas do local e publicou-as em seu Instagram.

    Meses se passaram, as obras se iniciaram e ficou morando na casa a esposa de Renato Velasco, sócio de Richarlison. Ela estava grávida. Em 13 de maio, Velasco recebeu um telefonema da esposa que, chorando, dizia que um oficial de Justiça e policiais estavam na mansão para retirá-la da propriedade e cumprir uma decisão de reintegração de posse, dada pelo juiz Ivan Pereira, da Segunda Vara Cível da Comarca de Angra. "Os vídeos gravados por ela durante a reintegração e enviados em tempo real a Velasco mostram os policiais pondo roupas e pertences da mulher, já de noite, do lado de fora da casa", informa o texto.

    Advogado da M Locadora, que no registro do imóvel constava como 'proprietária' da mansão, Eugênio Aragão afirmou ao juiz que os atuais ocupantes eram “esbulhadores”, ou seja, invasores. "Dois dias depois, no domingo, os advogados da empresa de Richarlison conseguiram no plantão judicial reverter a primeira decisão, apresentando a documentação que comprovava que não eram invasores, e retomaram a posse da casa. Willer Tomaz recorreu à Segunda Instância da Justiça do Rio, pedindo a suspensão da decisão do plantão judicial, e ganhou novamente, numa nova decisão liminar, a posse do imóvel".

    A decisão mais recente ocorreu em 5 de agosto, quando o desembargador Adriano Guimarães deu uma nova decisão liminar, a favor de Tomaz, passando o imóvel para as mãos do advogado. É aguardada uma nova decisão, da 8ª Câmara Cível do TJ do Rio. Seguranças armados tomam conta do imóvel.

    Flávio Bolsonaro foi arrolado como testemunha a pedido dos advogados do empresário de Richarlison, para que ele pudesse relatar à Justiça sua visita à mansão, com o objetivo de esclarecer que o imóvel não pertencia a invasores, como acusa Tomaz. Procurado por Guilherme Amado, Flávio Bolsonaro disse não ter relação com o imóvel ou com o processo envolvendo Willer Tomaz. 

    Já Willer Tomaz afirma ter gasto cerca de R$ 5 milhões nos últimos anos para regularizar a situação do terreno. 

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