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      Negritude e religiosidade afro são destaque nas escolas de samba no Rio

      A Unidos de Padre Miguel narra a trajetória do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, o mais antigo templo afro-brasileiro em funcionamento

      Desfile no Rio (Foto: Ronaldo Nina (Riotur))
      Leonardo Lucena avatar
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      247 - Os enredos sobre negritude e religiosidade afro marcam a abertura dos desfiles na Sapucaí (RJ), a partir das 22h deste domingo (2). A Unidos de Padre Miguel narra a trajetória da africana Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, conhecido como o mais antigo templo afro-brasileiro ainda em funcionamento. As informações foram publicadas no jornal O Globo.

      A Imperatriz conta a visita de Oxalá ao reino de Oyó, governado por Xangô; a Viradouro vem com a história de Malunguinho. Encerrando a noite, a Mangueira fala da contribuição do povo banto na formação do Rio de Janeiro.

      Os desfiles desta noite serão abertos pela campeã da Série Ouro, a Unidos de Padre Miguel (UPM). A apresentação marcará o retorno da escola ao Grupo Especial, onde havia desfilado pela última vez em 1972.

      Com cinco vice-campeonatos no grupo de acesso nos últimos dez anos, a UPM tem um carro abre-alas, que será “extremamente imponente, exagerado e luxuoso”, define Milato, numa referência ao Alafin, título do rei do Império de Oyó da qual Francisca era membro da corte antes de ser escravizada.

      No desfile da Imperatriz Leopoldinense, uma alegoria com cinco mil litros de água vai ajudar a contar o enredo da escola de Ramos, que mergulha no mito que narra a visita de Oxalá ao reino de Oyó, governado por Xangô. Oxalá enfrenta uma série de obstáculos, que resultam na prisão do orixá. “Este mito é a origem da cerimônia das águas de Oxalá, praticada em inúmeros candomblés espalhados pelo Brasil”, afirmou o carnavalesco Leandro Vieira.

      Atual campeã, a Viradouro busca de seu quarto título do carnaval. Será a terceira escola a entrar na Avenida aposta no enredo "Malunguinho: o mensageiro dos três mundos". O desfile homenageará a entidade afro-indígena — que se manifesta em três falanges: mata, jurema e encruzilhada — e que, em vida, como João Batista, foi uma liderança no Quilombo do Catucá, em Pernambuco.

      Segundo Tarcísio Zanon, as esculturas foram estudadas com o objetivo de passar a sensação de movimento, em conceito que ele define como “cinestaticidade”. A mistura de cores também é pensada para provocar certa alucinação.

      O desfile tem materiais orgânicos, entre sementes e cascalhos, ressecados e pintados. A escola também contará com 500 brinquedos (são bolas de plástico, moles, que lembram uma mamona). Os objetos serão doados para crianças após o carnaval.

      A Estação Primeira encerra a primeira noite de desfiles com o enredo "À flor da terra: no Rio da negritude entre dores e paixões", do carnavalesco paulista Sidnei França, que faz sua estreia no carnaval carioca.

      A escola quer mostrar a presença dos povos banto no Rio de Janeiro. Trata-se de um grupo étnico-linguístico de escravizados trazidos de onde atualmente estão a Angola, a República Democrática do Congo e Moçambique, continente africano.

      A cuíca é um instrumento de origem banto. Mas o enredo vai além do samba. A herança banto no Rio também compreende hábitos do dia a dia, como comer na rua e socializar na feira, até a nossa religiosidade.

      Outras influências são o culto a pretos-velhos na Umbanda, o chamado "Candomblé de Angola" e a "africanização" de ritualísticas cristãs, como o culto a São Jorge e São Sebastião. O idioma português tem palavras como "xodó", "chamego", "jiló", "fubá" e "macumba" entre as de origem banto.

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