Tarcísio planeja campos de concentração para moradores de rua no interior e alega parceria com Unesco; agência nega
Governo paulista chama o projeto de "Escolas Rurais para moradores em situação de rua". Representação da Unesco no Brasil diz não ter ligação com o programa
247 - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pretende criar campos de concentração em zonas rurais do interior paulista para internar a população em situação de rua do estado. De acordo com a Folha de S. Paulo, o projeto consta em edital lançado no início de agosto pela Secretaria de Educação, que anuncia uma comissão para a contratação de consultor técnico para "apoiar o planejamento do Projeto Escolas Rurais para moradores em situação de rua". O valor do contrato, de cinco meses, é de R$ 212 mil. A Secretaria de Educação é chefiada por Renato Feder, que quer também abolir os livros físicos nas escolas paulistas, substituindo-os por conteúdo online apenas. A medida gerou uma onda de críticas e questionamentos, inclusive do Ministério Público.
As chamadas "escolas rurais", segundo a secretaria, são parte de um desenvolvimento de "programas educacionais que possam auxiliar a população em situação de vulnerabilidade".
A proposta é apresentada como fruto de uma parceria com a Unesco, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) dedicado à educação, ciência e cultura. No entanto, a representação da Unesco no Brasil afirmou que "não participa da implementação nem do planejamento do referido programa". A organização informou que recebeu uma solicitação para fornecer consultoria para análise diagnóstica e coleta de dados sobre a situação educacional desse grupo populacional. No entanto, esta solicitação não foi atendida, uma vez que "esse programa não está contemplado no projeto entre a Seduc-SP e a Unesco".
A deputada estadual Professora Bebel (PT) criticou a iniciativa da gestão Tarcísio: "políticas higienistas mostram a opção de determinados governantes por retirar das vistas da sociedade as evidências das desigualdades sociais". Maurici (PT), também deputado, pediu explicações ao governo sobre os motivos de as "escolas" serem implementadas em área rural, e não urbana, já que a maior parte da população de rua se encontra nas cidades. O parlamentar também questionou qual seria a "justificativa jurídica para o descolamento e o confinamento compulsórios de cidadãos em instituições isoladas dos centros urbanos". "Precisamos saber o que exatamente é esse projeto. Parece a criação de guetos, e não a busca de soluções para essa população", detalhou.
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