Tarcísio usou operação contra PCC para pressionar presidente da Câmara para votar privatização da Sabesp
Milton Leite não somente se tornou a favor da privatização como fez um outro grande favor ao governador: acelerou a votação do projeto
247 - O governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) usou a Operação Fim da Linha para pressionar o presidente da Câmara de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), a mover uma peça fundamental na privatização da Sabesp. De acordo com apuração do UOL, que consultou sete fontes, duas delas com cargos no governo de São Paulo e outra na Sabesp, ele não somente se tornou a favor da privatização como fez um outro grande favor ao governador: acelerou a votação do projeto de privatização da Sabesp.
A reportagem de Juliana Sayuri e Flávio VM Costa relembra que, na madrugada de 9 de abril, dirigentes das empresas de ônibus Upbus e Transwolff foram presos na Fim da Linha, acusados de lavar dinheiro do PCC. A operação envolveu 64 membros do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), 43 integrantes da Receita Federal e 340 PMs, entre outros. Na manhã seguinte, o MP-SP listou, entre as testemunhas do caso, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) e o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil).
Saiba mais - Movimentos sociais, sindicatos e partidos realizaram um protesto nesta segunda-feira (29) contra a privatização da Sabesp. Integrantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo – MTST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), CUT e CTB, dentre outros – reuniram-se em frente à sede da Prefeitura, no centro de São Paulo, para defender a empresa pública. Parlamentares do PT, PDT, PCdoB, PV, PSOL e Rede também participaram.
Eles destacam que a Sabesp é uma empresa lucrativa, com excelência na prestação de serviços. Somente no ano passado, a empresa registrou lucro líquido de R$ 3,5 bilhões. Além disso, a companhia também se aproxima da universalização dos serviços de abastecimento de água, coleta e armazenamento de esgoto.
Portanto, não faz sentido, do ponto de vista técnico, entregar à iniciativa privada a maior empresa de saneamento das Américas. O temor é que haja precarização dos serviços após a privatização. Há risco ainda que os futuros controladores privados promovam aumento nas tarifas de água. O péssimo exemplo da distribuidora de energia Enel, que vem fazendo a população de São Paulo sofrer com recorrentes e prolongados apagões, é o caminho a ser evitado.
“A tentativa de vender a Sabesp – uma companhia eficiente e lucrativa – busca transformar a empresa na Enel da água. Todos estamos vendo os efeitos nefastos da privatização da energia elétrica”, denunciou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de São Paulo (Sintaema) Sintaema, José Faggian.
E ressalta a importância da mobilização contra o projeto que “vai contra os interesses do povo”.”Esta semana é decisiva no processo de luta contra a privatização da Sabesp. Nós podemos ter, no dia 2, a aprovação do PL que autoriza o município de São Paulo a aderir à privatização”, alertou. Em termos políticos, seria a última etapa antes da realização do leilão.
LUCRO AOS EMPRESÁRIOS - No final do ano passado, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) autorizou a venda da Sabesp. A proposta agora está em discussão na Câmara Municipal de São Paulo. Há cerca de duas semanas, a toque de caixa, os vereadores também aprovaram, em primeiro turno, a adesão da capital ao processo de privatização.
Na semana passada, no entanto, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou a realização de “todas as audiências públicas já agendadas e de outras, se forem necessárias”, antes do segundo turno da votação.
Quem lidera o processo de privatização da Sabesp é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Já o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), também aderiu à proposta, de modo a garantir o apoio da ala bolsonarista à sua candidatura a reeleição na disputa municipal deste ano.
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