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Conflito de interesses: empresa de manutenção antienchente de Porto Alegre tem ex-fiscal da prefeitura como sócio

Thierri Moraes, ex-funcionário do DMAE, tornou-se diretor e sócio da Bombas Sinos, empresa que fiscalizava

Enchente em Porto Alegre (Foto: Ricardo Stuckert)

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247 - Uma das empresas responsáveis pela manutenção do sistema de contenção de inundações de Porto Alegre, a Bombas Sinos, conta entre seus sócios com Thierri Moraes, um ex-funcionário da prefeitura que, há dois anos, era responsável pela fiscalização da empresa. Moraes trabalhou no Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) entre 2017 e outubro de 2020, onde, entre outras funções, fiscalizava os contratos da Bombas Sinos, fornecedora que detém os maiores contratos de manutenção do sistema antienchente da cidade, totalizando mais de R$ 6 milhões, revela reportagem do The Intercept Brasil.

Em 2020, Moraes deixou a prefeitura e passou a trabalhar para a Bombas Sinos. A empresa foi multada pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio Grande do Sul (CREA-RS) no ano passado, devido a falhas na fiscalização de serviços de manutenção nas casas de bombas do sistema de proteção contra cheias. A multa foi aplicada enquanto Moraes ainda era o fiscal responsável.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul investiga possíveis falhas na manutenção do sistema de proteção contra cheias, que contribuíram para a enchente histórica recente na cidade. A Bombas Sinos afirma que as falhas se devem a problemas de concepção do projeto original, e não à manutenção prestada.

Thierri Moraes assumiu um cargo comissionado no DMAE em 2017, durante a gestão de Nelson Marchezan Jr. Em 2019, foi nomeado titular fiscal do contrato com a Bombas Sinos pelo então secretário de Serviços Urbanos, Ramiro Rosário. Moraes deixou a prefeitura em outubro de 2020 e, um mês depois, passou a ser diretor comercial da Bombas Sinos. Em dezembro de 2023, tornou-se sócio da empresa.

A Bombas Sinos, além dos contratos de manutenção do sistema de proteção contra cheias, também possui outros contratos com a prefeitura, incluindo um acordo de R$ 1,5 milhão para fornecimento e instalação de comportas automáticas nas estações de bombeamento de esgoto pluvial misto.

A gestão do DMAE tem sido alvo de críticas e denúncias de precarização, apontadas como parte de uma estratégia para justificar a privatização do departamento. A redução no número de funcionários e nos investimentos ao longo dos anos tem comprometido a capacidade técnica e operacional do órgão.

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