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    Como consequência das enchentes, Rio Grande do Sul pode enfrentar surto de dengue e outras doenças

    A água represada favorece a reprodução do Aedes aegypti e, além disso, pode provocar leptospirose, hepatite A, gastroenterite viral e bacteriana e parasitoses intestinais

    Rio Grande do Sul (Foto: Diego Vara / Reuters)

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    247 - As intensas chuvas que têm assolado o estado do Rio Grande do Sul nas últimas semanas não apenas têm causado danos materiais e deslocamentos populacionais, mas também levantado sérias preocupações com a propagação de doenças transmitidas pela água contaminada. Com a água das enchentes se misturando ao esgoto, especialistas alertam para o aumento do risco de contrair uma série de enfermidades, desde hepatite A até leptospirose.

    Segundo a infectologista Stephanie Scalco, gestora médica do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, as águas contaminadas representam um perigo significativo para a saúde pública. "A água tem excrementos humanos, tem resíduos de fezes humanas e não humanas. Então, tudo que pode ser transmitido por meio de esgoto vai estar presente nessa água", alertou Scalco ao g1.

    A preocupação é justificada pelas condições propícias para a disseminação de doenças. A leptospirose, por exemplo, transmitida através do contato humano com água misturada à urina de ratos, pode ser fatal. Além disso, a água represada cria um ambiente propício para o surgimento de surtos de dengue, como aponta a médica.

    Os sintomas das doenças podem variar, mas incluem desde diarreia e vômito até casos mais graves de febre e mal-estar geral. A leptospirose, em particular, pode apresentar um período de incubação que varia de três a 20 dias, podendo levar à morte em casos mais severos, especialmente em pessoas vulneráveis, como idosos e crianças.

    Diante desse cenário, medidas preventivas são essenciais. Scalco recomenda evitar o contato com as águas das enchentes sempre que possível. Caso o contato seja inevitável, é importante cobrir ferimentos abertos, não permanecer submerso na água por mais de 15 minutos, usar roupas que cubram toda a pele e, se necessário, ferver a água antes de consumi-la.

    Em uma nota conjunta, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) recomendaram o uso de doxiciclina ou azitromicina para certos grupos expostos às águas das enchentes, como equipes de resgate e pessoas expostas por longos períodos.

    Além das preocupações imediatas com a saúde pública, as autoridades de saúde também estão alertas para o potencial aumento dos casos de dengue devido à proliferação do mosquito transmissor (Aedes aegypti) em áreas inundadas.

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