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    Indústria de transformação avança em 2024 com crescimento disseminado entre setores

    Estudo do Iedi aponta que quase 70% dos segmentos industriais cresceram entre janeiro e agosto deste ano, com destaque para bens duráveis e investimentos

    Quase 70% dos segmentos industriais cresceram entre janeiro e agosto de 2024 (Foto: Agência Brasil )

    247 - A indústria de transformação brasileira vive um momento de recuperação em 2024, com um crescimento disseminado entre os diversos setores. Um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base nos dados da Pesquisa Mensal da Indústria - Produção Física (PIM-PF) do IBGE, revela que 68,9% dos segmentos industriais apresentaram expansão de janeiro a agosto, em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com reportagem do Valor. Se mantida essa trajetória até dezembro, 2024 poderá ser o ano com maior difusão de crescimento no setor desde 2019, superando 2021, quando 62,5% dos setores registraram alta.

    O economista do Iedi, Rafael Cagnin, destaca que a expansão é mais intensa em ramos de bens duráveis, como caminhões e ônibus, que tiveram um avanço expressivo de 50,5% no período. Outros setores que lideram a recuperação incluem a fabricação de aparelhos eletrodomésticos, que cresceu 33,4%, e a de equipamentos de comunicação, com alta de 24,2%. O segmento de veículos pesados se beneficiou de uma base de comparação baixa, após a queda de produção em 2023 devido às novas normas do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve 8), que impactaram significativamente a fabricação no ano passado.

    No entanto, Cagnin alerta para os riscos trazidos pelo ciclo de alta de juros do Banco Central, que pode afetar negativamente o ritmo de crescimento, especialmente nos setores mais sensíveis à política monetária. Ele explica que, enquanto os bens de consumo duráveis podem demorar mais a sentir os efeitos do aumento da Selic, os bens de capital, como caminhões e máquinas, são mais rapidamente afetados pelas condições de crédito restritivas.

    Ainda segundo o Valor, o levantamento também aponta que dez dos 90 segmentos pesquisados tiveram crescimento de dois dígitos no acumulado do ano. Além de caminhões e ônibus, o grupo de “fabricação de máquinas e equipamentos de uso geral”, classificado como investimento em bens de capital, registrou um crescimento de 21,5%. A indústria de transformação também foi destaque no segundo trimestre do ano, com uma alta de 1,8% em relação ao trimestre anterior, contribuindo para o crescimento de 1,4% do PIB no período.

    Entretanto, o cenário não é uniforme em todos os setores. Alguns ramos, como a fabricação de fibras artificiais e sintéticas, registraram queda de 52,6% no acumulado do ano, enquanto atividades ligadas à agroindústria, como a produção de óleos vegetais e a torrefação de café, mostraram retração no bimestre julho-agosto. A perda de tração desses segmentos reflete fatores como a estiagem prolongada e as variações nas exportações. A perspectiva para o restante do ano é de incertezas, especialmente diante da pressão dos juros sobre os investimentos. Cagnin lembra que o aumento das taxas de longo prazo já vinha afetando o financiamento corporativo antes mesmo das altas da Selic, e a tendência de restrição de crédito pode pesar sobre os setores mais dinâmicos. Ainda assim, o saldo positivo em diversos ramos e a recuperação disseminada trazem um alívio ao cenário industrial brasileiro, que tenta consolidar uma retomada sustentável após anos de instabilidade.

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