Megarrefinaria na Nigéria é aposta de empresários internacionais, mas política de importações limita sucesso
O país vive um paradoxo energético
247 - Uma delegação de 50 acadêmicos da Harvard Kennedy School, representando 18 nacionalidades, visitou nesta semana o complexo da refinaria de Dangote, em Lagos, Nigéria, um dos maiores projetos industriais do mundo. A visita destacou o interesse global na megarrefinaria, que promete finalmente transformar a Nigéria, maior produtora de petróleo da África, em um país autossuficiente em combustíveis.
O país vive um paradoxo energético: enquanto possui vastas reservas de petróleo, continua amarrado a uma complexa rede de importações de gasolina. Apesar do potencial transformador da refinaria, a iniciativa enfrenta desafios, como políticas de preços desiguais e a persistência de importações que mantêm o país refém de interesses alheios.
A refinaria, construída pelo bilionário Aliko Dangote e que deu início às operações no ano passado, tem capacidade para processar 650 mil barris de petróleo por dia, posicionando-se como uma das maiores do mundo.
Durante a visita, Dangote destacou a importância da ambição para superar barreiras aparentemente intransponíveis em um mercado dominado por comerciantes bem conectados e interesses consolidados.
“A vida não vale a pena ser vivida sem ambição. Nada é impossível. Não permitam que o medo os impeça. Sejam conhecedores do negócio que desejam seguir”, disse ele aos acadêmicos e empreendedores, de acordo com o jornal local The Guardian.
Sheffy Kolade, líder da delegação de Harvard e membro do Conselho de Negócios da Forbes, elogiou a iniciativa de Dangote, destacando seu impacto na economia nigeriana. “Este negócio criou inúmeros empregos e segurança energética para o nosso país. Reduziu nossa dependência de produtos petrolíferos importados e está aumentando nossas reservas estrangeiras”, afirmou.
Apesar do otimismo, o megaprojeto enfrenta obstáculos significativos. A NNPC Ltd, empresa estatal de petróleo da Nigéria, continua a ser uma grande importadora de gasolina no país. A NNPC argumenta que o consumo interno ainda supera a produção da refinaria, justificando a necessidade de importações.
Dangote contesta essa visão, acusando a NNPC e a Agência Reguladora de Petróleo (NMDPRA) de permitir a entrada de combustíveis de baixa qualidade e de não priorizar o fornecimento de petróleo bruto para refino local, conforme exigido por lei. Ele defende capacidade da Dangote de atender à demanda doméstica
A situação é agravada por um acordo do governo nigeriano que permite à NNPC vender petróleo bruto para refinarias locais em naira, a moeda local. No entanto, a Dangote afirma não estar recebendo os volumes acordados, enquanto outras refinarias relatam não receber nada.
Como resultado, a refinaria suspendeu nesta semana temporariamente as vendas de combustíveis em naira, optando por comercializá-los em dólares.
Essa decisão pode levar a um aumento nos preços dos combustíveis e a uma desvalorização da naira.
Uma disputa judicial entre a Dangote e a NNPC, na qual um juiz rejeitou nesta semana a objeção da estatal à inclusão no processo, pode ser um passo crucial para redefinir o futuro energético da Nigéria. (Com agências).
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