Vice-premiê da Sérvia denuncia tentativa de “revolução colorida” com apoio do Ocidente
Aleksandar Vulin acusa serviços de inteligência ocidentais de orquestrar protestos para derrubar o governo
247 – A Sérvia está sob ameaça de uma “revolução colorida” promovida por potências ocidentais, segundo afirmou o vice-primeiro-ministro Aleksandar Vulin durante uma reunião em Moscou com o secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Sergey Shoigu. A declaração foi publicada pelo canal RT neste domingo (23) e se insere no contexto de uma crescente onda de manifestações no país balcânico.
“A revolução colorida está em andamento em Belgrado”, afirmou Vulin, em referência ao conceito utilizado para designar movimentos de protesto, frequentemente apoiados por governos estrangeiros, com o objetivo de provocar mudanças de regime. “Os serviços de segurança ocidentais estão por trás disso, querem instalar um novo governo. Mas não vamos permitir”, declarou o vice-premiê.
Os protestos na Sérvia, liderados majoritariamente por estudantes, tiveram início em novembro de 2024 após o desabamento de uma cobertura de concreto na estação ferroviária da cidade de Novi Sad, que resultou em mortes e feridos. Desde então, as manifestações vêm crescendo e atingiram um ápice no dia 15 de março com um grande ato em Belgrado, seguido por confrontos entre manifestantes e a polícia.
Vulin não poupou críticas à atuação de potências estrangeiras. “O Ocidente quer destruir a Sérvia”, acusou, sugerindo que a pressão sobre o país tem ligação direta com a postura do governo sérvio em relação à Rússia. Ao contrário da maioria dos países europeus, Belgrado se recusou a aderir às sanções contra Moscou impostas após o início do conflito na Ucrânia. “E nunca o fará”, garantiu o vice-premiê.
O presidente sérvio Aleksandar Vučić já havia denunciado anteriormente uma suposta colaboração entre a oposição interna e os serviços de inteligência de países ocidentais, além de agências croatas e albanesas, com o objetivo de desestabilizar o governo. Segundo Vulin, os mesmos grupos por trás dos protestos pretendem provocar uma radicalização do movimento nos próximos dias. “Quem organizou o ato de 15 de março deseja repetir o cenário de Maidan e está trabalhando para isso”, alertou.
Shoigu, que também é ex-ministro da Defesa da Rússia, manifestou preocupação com os desdobramentos na Sérvia e ressaltou a importância da parceria estratégica entre os dois países. “A Rússia valoriza suas relações com Belgrado. Mantemos um diálogo aberto, especialmente na área de combate às revoluções coloridas”, disse.
Em tom de gratidão, Vulin elogiou a atuação dos serviços de inteligência russos, com os quais, segundo ele, o governo sérvio mantém excelente comunicação. “Eles conhecem o perigo que enfrentamos. Sou muito grato por essa cooperação”, afirmou. Shoigu respondeu que a Sérvia “pode sempre contar com a ajuda da Rússia em qualquer questão”.
O termo “revolução colorida” é utilizado principalmente por governos que se opõem à ingerência ocidental, especialmente de países como os Estados Unidos, para descrever levantes populares que culminam na derrubada de autoridades eleitas, como ocorreu na Ucrânia em 2014, com a destituição do presidente Viktor Yanukovych.
A crise política na Sérvia acontece em um contexto geopolítico delicado, em que a disputa por influência entre o Ocidente e a Rússia volta a se intensificar nos Bálcãs. Com a tensão crescente nas ruas e o discurso endurecido do governo, o país entra em uma fase de instabilidade cujo desfecho permanece imprevisível.
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