247 - No ano que marca o décimo aniversário do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), Estados Unidos, China e Rússia demonstram interesse em renegociar um acordo nuclear com o Irã. A iniciativa ocorre após anos de tensões e sanções impostas a Teerã, agravadas desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, retirou, em seu primeiro mandato, os EUA do tratado, chamando-o de "inaceitável" à época. Agora, o próprio presidente norte-americano diz querer um novo entendimento com os iranianos.
Desde que reassumiu o cargo, Trump tem enfatizado sua estratégia de "pressão máxima" sobre o Irã, mas também manifestou a esperança de um "acordo de paz nuclear verificado" com o país. Nesta sexta-feira (7), ele enviou uma carta aos líderes iranianos exigindo que aceitem iniciar conversas.
"Eu disse: espero que vocês negociem, porque será muito melhor para o Irã", declarou Trump em entrevista à Fox Business Network, transmitida na sexta-feira. "Acho que eles querem receber essa carta. A outra alternativa é que temos que fazer alguma coisa, porque não podemos permitir outra arma nuclear".&nbsp;
A Reuters informou que a carta foi possivelmente endereçada ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
<h3>China e Rússia veem diplomacia como única solução</h3>
Além dos EUA, China e Rússia também se mostraram dispostas a buscar um novo entendimento sobre o programa nuclear iraniano. O embaixador permanente da China na Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), Li Song, destacou na quinta-feira (6) que o histórico das negociações sobre o JCPOA demonstrou que a única maneira eficaz de lidar com a questão nuclear iraniana é por meio de medidas políticas e diplomáticas.
A Rússia também se manifestou. O Kremlin sinalizou estar pronto para fazer tudo o que for possível para facilitar qualquer processo pacífico.&nbsp;
<h3>Irã se diz aberto&nbsp;</h3>
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou em janeiro que Teerã está aberto a negociações, desde que respeitem seus interesses nacionais. A declaração reforça que a República Islâmica não descarta um novo acordo, mas deseja garantias de que seu programa nuclear não será alvo de novas restrições unilaterais.
O acordo original, firmado em 2015 entre Irã, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França, China, Rússia e União Europeia, previa o alívio de sanções contra Teerã em troca de limitações em seu programa nuclear. No entanto, com a retirada dos EUA em 2018 sob o governo Trump, o Irã passou a reduzir gradualmente seus compromissos, retomando pesquisas nucleares e aumentando os níveis de enriquecimento de urânio. (Com agências).&nbsp;

Leonardo Sobreira

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Mundo

EUA, China e Rússia se dispõem a negociar novo acordo nuclear com o Irã

TASS - O presidente eleito do Irã, Masoud Pezeshkian, está pronto para restaurar o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) sobre o programa nuclear iraniano, disse Mohammad Javad Zarif, chefe do comitê consultivo para a formação do governo de Pezeshkian e ex-ministro das Relações Exteriores do Irã.
“O novo governo, liderado pelo presidente eleito Pezeshkian, está pronto para engajar-se em um diálogo com espírito de boa vontade — de acordo com o JCPOA e a lei iraniana — para garantir a conformidade mútua desse feito diplomático único,” ele disse em sua página no X.
Zarif também destacou que é necessário cumprir a lei iraniana de 2020 “sobre ações estratégicas para a suspensão de sanções e proteção dos interesses do povo iraniano". Este documento foi uma resposta à retirada unilateral dos EUA do JCPOA em 2018, seguida pelo então presidente Donald Trump restaurando as sanções anti-iranianas dos EUA, incluindo o embargo de exportação de petróleo.
“Como já expliquei em minha carta ao secretário-geral da ONU alguns dias antes de minha renúncia [como ministro das Relações Exteriores], os EUA, a UE e o trio europeu (Reino Unido, Alemanha e França) são culpados pela reação do nosso corpo legislativo ao desrespeito consecutivo de suas obrigações legais, que causou danos incontáveis ao povo iraniano. Eles devem reparar e garantir a obtenção sem obstáculos dos benefícios do acordo pelo Irã,” disse o ex-ministro.
Segundo a lei mencionada, Teerã cortou várias obrigações sob o acordo nuclear, incluindo a cessação das inspeções da AIEA além do tratado de não-proliferação, assinado pela República Islâmica e pela AIEA, e proibindo métodos de monitoramento estritos.
De acordo com as autoridades iranianas, o Ocidente deve retornar à conformidade total com o JCPOA para restaurar as medidas de monitoramento existentes para o programa nuclear iraniano. Até maio de 2024, o Irã autorizou a operação de 130 inspetores da AIEA.
O JCPOA, também conhecido como acordo nuclear do Irã, foi assinado pelo Irã, pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Rússia, Reino Unido, China, Estados Unidos e França) e pela Alemanha em 2015. Os Estados Unidos se retiraram do acordo em 2018 sob a presidência de Donald Trump. Enquanto isso, o atual presidente dos EUA, Joe Biden, sinalizou repetidamente que Washington estava pronto para retornar ao acordo nuclear. Em abril de 2021, Rússia, Reino Unido, Alemanha, China, Estados Unidos e França iniciaram negociações com o Irã em Viena em um esforço para restaurar o JCPOA à sua forma original. No entanto, as negociações terminaram sem nenhum resultado em novembro de 2022.

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EUA, China e Rússia se dispõem a negociar novo acordo nuclear com o Irã

Novo presidente do Irã está pronto para restaurar acordo nuclear