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    Ideia de criar bolsa de grãos do BRICS é "interessante", mas dependência de importações sempre é arriscada, avalia especialista

    Líderes do bloco acolheram a iniciativa da Rússia de estabelecer uma bolsa de grãos

    Soja (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

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    247 - A ideia de uma bolsa de grãos dos BRICS para combater a insegurança alimentar é interessante, embora uma forte dependência das importações inevitavelmente leve a interrupções no abastecimento, e os países devam ser incentivados a produzir seus próprios alimentos, disse William Moseley, professor DeWitt Wallace de geografia no Macalester College, à agência Sputnik.

    Na declaração final da cúpula dos BRICS na cidade russa de Kazan, os líderes dos países membros acolheram a iniciativa da Rússia de estabelecer uma bolsa de grãos dos BRICS para assegurar a resiliência das cadeias de suprimentos de commodities e garantir o comércio sem obstáculos. Segundo o presidente russo, Vladimir Putin, isso ajudará a proteger os mercados nacionais contra interferências externas e especulação.

    "Esta é uma proposta interessante, já que os países dos BRICS (agora Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos) estão razoavelmente divididos entre exportadores e importadores de grãos", disse Moseley, ex-membro do comitê diretivo do Painel de Alto Nível de Especialistas em Segurança Alimentar e Nutrição.

    Ao mesmo tempo, o especialista observou que ainda não está claro se essa iniciativa funcionaria melhor do que os arranjos comerciais existentes e quem se beneficiaria mais ao usar essa bolsa – os compradores ou vendedores de grãos.

    Ele também destacou a questão geográfica, ou o padrão espacial do comércio, já que muitos mercados de grãos são mais regionais, o que significa, por exemplo, que enquanto a Rússia pode exportar grãos para o Egito e a Etiópia pelo Mar Negro, não está claro se esses dois países podem ter uma relação semelhante com o Brasil.

    "No fim das contas, tornar-se excessivamente dependente de grãos importados é problemático, pois inevitavelmente haverá uma interrupção. Promover o comércio dentro deste grupo não é a solução para a insegurança alimentar, mas sim encorajar os países a produzirem mais alimentos dentro de suas próprias fronteiras. Isso é um problema particular para países africanos como Etiópia e Egito (membros dos BRICS) que se tornaram excessivamente dependentes de importações de grãos", concluiu Moseley.

    Os BRICS são uma associação intergovernamental criada por Brasil, Rússia, Índia e China em 2006, com a África do Sul se juntando em 2010. O grupo teve sua segunda expansão este ano, admitindo Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Esta última ainda não formalizou sua adesão, mas tem participado das reuniões dos BRICS.

    A cidade russa de Kazan sediou uma cúpula de alto nível dos BRICS de 22 a 24 de outubro como parte da presidência russa do bloco em 2024. Moscou tem focado sua presidência no fortalecimento da multipolaridade para um desenvolvimento e segurança globais justos.

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