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    Produtores descartam alimentos para evitar prejuízo e revoltam consumidores

    Agricultores afirmam que a prática evita queda nos preços e protege rentabilidade, mas especialistas alertam para impactos sociais

    (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 - O aumento dos preços dos alimentos no Brasil tem pesado no bolso dos consumidores, tornando as idas ao mercado cada vez mais desafiadoras. Em meio a esse cenário, vídeos de produtores descartando toneladas de alimentos viralizaram nas redes sociais, gerando revolta entre os internautas. Segundo reportagem do Metrópoles, a justificativa para essa prática é evitar a venda de produtos a preços abaixo do valor de mercado, o que comprometeria a sustentabilidade financeira dos produtores. Mas o que explica, na prática, o agronegócio descartar alimentos em vez de destiná-los para consumo?

    A lógica por trás do descarte - A maioria dos produtores flagrados jogando fora grandes quantidades de alimentos pertence ao grupo dos pequenos e médios agricultores. O economista Francisco Rodrigues explica que essa prática tem como objetivo preservar a rentabilidade da produção. Antecipando uma venda abaixo da média, o produtor já prevê impactos negativos em seu fluxo de caixa e rentabilidade. Além disso, há o fator da safra seguinte: se o produtor escoa sua produção a preços muito baixos, ele pode acabar sem recursos para investir na próxima colheita.

    A modernização do setor agrícola e o uso de tecnologias avançadas também contribuem para o aumento da produtividade, resultando em uma oferta que, muitas vezes, supera a capacidade do mercado de absorver os produtos. Alimentos perecíveis, como frutas e hortaliças, são os mais afetados, pois têm um tempo curto de armazenamento.  “O risco é que ele pode estar prejudicando o seu próprio negócio, o próprio planejamento e não conseguindo, por exemplo, numa próxima safra, colocar o seu produto a um preço mais justo ou a um um preço de equilíbrio. Então, do que que ele precisa? Ele precisa ter um preço de equilíbrio justamente para equilibrar as suas despesas e os seus custos de produção”, alerta Rodrigues.

    A história se repete - O descarte de produtos agrícolas como estratégia de controle de preços não é novidade. Na crise de 1929, o Brasil enfrentou um acúmulo massivo de sacas de café, e parte da produção foi despejada no mar para evitar a queda do valor da commodity no mercado internacional. Embora o contexto atual seja diferente, a lógica econômica se mantém: reduzir a oferta para evitar desvalorização.

    Além dos desafios comerciais, os custos logísticos também são um fator determinante. Em muitos casos, levar os produtos até os centros consumidores gera prejuízos ainda maiores do que descartá-los diretamente na origem. 

    Governo anuncia plano para escoamento da safra - Para mitigar essas perdas e melhorar a competitividade do setor, o governo Lula (PT) anunciou, no dia 5 de fevereiro, o Plano de Escoamento da Safra 2024/2025. O projeto visa aprimorar a infraestrutura e logística do agronegócio, garantindo um escoamento mais eficiente da produção. Serão investidos R$ 4,5 bilhões para reduzir os custos logísticos e fortalecer a posição do Brasil no mercado global.

    A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra deste ano terá um crescimento recorde de 8,3% em relação à anterior, alcançando 322,47 milhões de toneladas de grãos, com destaque para soja e milho. O aumento equivale a 24,62 milhões de toneladas a mais do que em 2023/2024, o que reforça a necessidade de mecanismos que garantam o escoamento da produção sem desperdícios.

    Uma solução para o desperdício? - Especialistas alertam que a criação de políticas públicas voltadas para o melhor aproveitamento dos alimentos pode ser uma alternativa para evitar desperdícios. "O governo precisaria fazer políticas efetivas para ajudar esses produtores a escoar essa produção ou, pelo menos, criar mecanismos por meio de cooperativas para que esses produtos cheguem às ONGs ou cheguem aos mercados com preço que seja mais aceitável”, sugere Rodrigues.

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