Apoio de Pepe Mujica se mostra crucial e garante favoritismo a Yamandú Orsi na disputa pela presidência do Uruguai
Com apoio do ex-presidente, Yamandú Orsi lidera a corrida eleitoral com mais de 45% das intenções de voto
247 - Depois de um longo período afastada do poder, a coalizão de esquerda Frente Ampla (FA), liderada pelo icônico ex-presidente José “Pepe” Mujica, busca um retorno histórico no Uruguai. A aposta da FA é Yamandú Orsi, ex-prefeito de Canelones, que aos 57 anos carrega o desafio de reacender as esperanças da esquerda uruguaia. Orsi tem o respaldo de Mujica, que, aos 89 anos e enfrentando uma dura batalha contra o câncer, reafirmou seu compromisso com o futuro do movimento durante um discurso emocionante de encerramento de campanha.
Embora discreto e com um estilo político distante do carisma de seu mentor, Orsi conseguiu, com o apoio de Mujica, superar seus rivais. De acordo com as pesquisas mais recentes, ele lidera a corrida eleitoral com mais de 45% das intenções de voto, abrindo caminho para um segundo turno em novembro, informa o jornal O Globo. Mujica, reconhecido como uma das figuras mais admiradas da política uruguaia, destacou que seu apoio a Orsi visa garantir a continuidade de uma "liderança coletiva e superadora".
Um pleito marcado pela civilidade e pelo combate à desigualdade - O cenário eleitoral no Uruguai contrasta com a polarização vista em países vizinhos. Sem grandes embates e ataques pessoais, a disputa entre Orsi e Álvaro Delgado, candidato do Partido Nacional e braço-direito do atual presidente Luis Lacalle Pou, é marcada pelo respeito mútuo. Delgado, que tenta capitalizar a popularidade de Lacalle Pou, enfrenta o desafio de manter a coesão dos cinco partidos que formam a coalizão de centro-direita. Apesar da aprovação do presidente, que gira em torno de 50%, Delgado está significativamente atrás de Orsi nas intenções de voto, com cerca de 25%.
A consultoria Factum confirma que a FA é favorita, e especialistas ressaltam que a imagem de Mujica e a defesa de pautas sociais foram cruciais para consolidar Orsi como o candidato mais viável. Mariana Pomies, da Cifra, ressalta que “a Frente Ampla deve ser a mais votada no primeiro turno”, enquanto Eduardo Botinelli, da Factum, observa que o “bom governo de Lacalle Pou foi, paradoxalmente, muito personalista, dificultando a transferência de apoio a Delgado”.
Prioridade nas políticas sociais e críticas ao aumento da idade mínima para aposentadoria - Tanto Orsi quanto Delgado abordam a importância dos programas sociais no país, mas divergem em pontos estratégicos, como a reforma previdenciária. Enquanto a direita defende a manutenção da idade mínima de 65 anos, estabelecida por Lacalle Pou, Orsi promete rever a medida, que é amplamente criticada pela esquerda. Orsi também sugere uma possível revisão na carga tributária, prometendo uma política fiscal mais progressiva e voltada para a redução da desigualdade.
Outro fator relevante neste pleito são os escândalos de corrupção que atingiram o governo Lacalle Pou, desgastando ainda mais a imagem de Delgado. Orsi, por sua vez, foca em uma plataforma de “governo honesto” e tenta resgatar o sentimento de segurança e bem-estar social que, segundo seus eleitores, era mais presente durante os anos da Frente Ampla no poder.
Referendo polêmico pode impactar a votação - Além da escolha presidencial e parlamentar, os uruguaios também votarão em um referendo proposto por setores radicais da esquerda, mas não endossado diretamente por Orsi. A medida busca mudanças fiscais substanciais e tem sido vista com cautela até mesmo entre os apoiadores da FA, pois pode representar um desafio para o equilíbrio orçamentário.
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