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Após Venezuela criar Estado de Essequibo, Amorim diz que irá reforçar o diálogo para evitar conflito com a Guiana

"Vamos reforçar o diálogo. Não estamos falando em palavras condenatórias, mas reiteramos o desejo de que os países não façam nada que possa levar a um conflito", disse o diplomata

O assessor especial de Lula, Celso Amorim - 5/12/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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247 - O assessor especial para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, classificou como "simbólico" o gesto do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ao promulgar a lei que cria o estado da Guiana Essequiba. "O gesto é simbólico, obviamente tem seu peso, mas vou arriscar uma opinião de que isso tem a ver com a política interna”, disse o ex-chanceler ao jornal O Globo. “É simbólico, pode ter algum efeito, mas não creio que vá haver alguma consequência grave”, completou Amorim.

Ainda conforme Amorim, "o que nos interessa é a paz na região [...] O acordo assinado, autorizado pelo próprio Maduro, prevê que é essencial reafirmar a região como área de paz e diz que as partes renunciam a qualquer possibilidade de uso de força armada. Eu me baseio nisso, e o Brasil é testemunha desse acordo". 

Na entrevista, o diplomata ressaltou que o Brasil pretende reforçar o diálogo com a Venezuela visando evitar que o país entre em confronto com a Guiana. “Vamos reforçar o diálogo. Não estamos falando em palavras condenatórias, mas reiteramos o desejo de que os países não façam nada que possa levar a um conflito”.

As declarações do diplomata foram feitas após Maduro proclamar a lei que cria o estado da "Guiana Essequiba" na noite de quarta-feira (3), após um referendo consultivo realizado em dezembro. A região de Essequibo é rica em petróleo e recursos naturais e tem sido objeto de disputa entre Venezuela e Guiana há mais de um século.

O projeto prevê que o estado de "Guiana Essequiba" seja governado a partir da cidade de Tumeremo, no estado venezuelano de Bolívar, próximo à área reivindicada.

Saiba Mais - A região do Essequibo, rica em petróleo e minerais, tem sido há muito tempo objeto de disputa entre Venezuela e Guiana.  A Venezuela conquistou independência da Espanha em 1845, com o Essequibo reconhecido como parte de seu território soberano.

 No entanto, em 1899, o Reino Unido apresentou e ganhou uma reivindicação de arbitragem para reconhecer o Essequibo como parte de sua então colônia caribenha, a Guiana Britânica. 

A Guiana independente citou a Sentença Arbitral de 1899 em sua ação na Corte Internacional de Justiça de 2018 contra a Venezuela, visando reafirmar sua reivindicação de soberania sobre o território disputado.

Em dezembro de 2023, a Venezuela realizou um referendo no qual quase 96% da população votou pela incorporação da região do Essequibo ao país. O presidente guianense, Mohamed Irfaan Ali, disse que Georgetown estava considerando as ações de Caracas para incorporar o Essequibo, que representa dois terços do território da Guiana, como uma ameaça à segurança nacional do país.

Após conversas em Kingstown em 14 de dezembro, Venezuela e Guiana concordaram em renunciar a qualquer uso de força na resolução do conflito territorial, reafirmando compromissos para manter a América Latina como uma zona de paz e evitar agravar a situação na região disputada. 

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