Brasil não reconhece vitória de Maduro sem atas oficiais, afirma Celso Amorim
Governo do Brasil também não reconhece a autoproclamada vitória do opositor Edmundo González
247 - Após a validação da vitória do presidente Nicolás Maduro pelo Tribunal Supremo da Venezuela, o assessor especial do presidente Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, enfatizou o complexo impasse político no país, onde a oposição se recusa a reconhecer o resultado. Países como Brasil e Colômbia pedem a divulgação das atas eleitorais para comprovar a vitória de Maduro, temendo a interferência do governo no Judiciário, uma preocupação compartilhada por observadores internacionais. “O presidente Lula tenta incentivar, junto com outros, como o presidente [da Colômbia, Gustavo] Petro, que haja um mínimo de entendimento. Sabemos que é difícil, mas esse é o espírito do acordo de Barbados", destacou Amorim, em entrevista ao jornal El País, divulgada nesta quarta-feira (28).
Amorim esclareceu que o Brasil não pode reconhecer a vitória de Maduro sem a comprovação das atas oficiais, mas também não reconhece a autoproclamada vitória do opositor Edmundo González. "Não podemos reconhecer a vitória do presidente Maduro sem ver as atas, mas também não podemos reconhecer a alegada vitória da oposição, porque, do contrário, estamos criando um precedente gravíssimo", afirmou. Diante do impasse, Amorim destacou a possibilidade de novas eleições como uma solução a ser considerada, embora ambas as partes tenham inicialmente rejeitado a sugestão de Lula.
O diplomata também recordou uma situação semelhante ocorrida há 20 anos, quando um golpe de Estado contra Hugo Chávez levou à criação de um grupo de amigos, tanto de esquerda quanto de direita, para garantir o respeito ao processo democrático. "Agora o calendário não ajuda. Será preciso imaginação, mas isso só existe com diálogo e vontade de encontrar uma solução", observou Amorim, reforçando a importância de manter o caminho do diálogo aberto.
Além disso, Amorim criticou a postura da União Europeia em relação às sanções impostas à Venezuela, afirmando que o bloco perdeu a oportunidade de atuar como observador internacional imparcial ao não suspender as sanções. "A União Europeia cometeu um erro grave ao não suspender as sanções", afirmou, apontando que o Centro Carter não tem recursos suficientes para acompanhar o processo eleitoral de forma efetiva. Em suas declarações, Amorim ressaltou a necessidade de construir uma reconciliação nacional, respeitando as diferenças, e destacou o papel geopolítico da Venezuela no cenário mundial.
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