Celac reforça integração regional e defende soberania frente a sanções unilaterais dos Estados Unidos
Na Cúpula da Celac, líderes latino-americanos e caribenhos celebram a zona de paz regional e apontam prioridades para um mundo mais justo e multipolar
247 - A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) reafirmou seu compromisso com a integração regional e com a construção de uma ordem internacional mais equitativa e multipolar durante a 9ª Cúpula realizada em Tegucigalpa, Honduras.
A informação é da agência Prensa Latina, que acompanhou os principais momentos do encontro e destacou o amplo consenso em torno da Declaração de Tegucigalpa, documento central aprovado pelos 30 países presentes, dos 33 membros do bloco.Com a participação de 11 chefes de Estado, incluindo a presidente anfitriã Xiomara Castro, os debates ressaltaram a plena vigência da Proclamação da América Latina e do Caribe como Zona de Paz, firmada há 11 anos na cúpula de Havana.
A Celac reafirmou que essa zona de paz deve se basear na promoção dos princípios da Carta da ONU, no respeito à autodeterminação dos povos, na não interferência em assuntos internos, e na soberania das nações.
“O que reafirmamos aqui hoje é o nosso direito de decidir nosso próprio destino como região, como povos soberanos, livres de imposições externas”, declarou a presidente hondurenha, enfatizando o papel estratégico da Celac como mecanismo de coordenação política em um mundo em transição.
A resistência às medidas coercitivas unilaterais foi um dos pontos centrais do documento aprovado. Os países membros denunciaram ações contrárias ao direito internacional que afetam o comércio e o desenvolvimento, em clara referência às sanções econômicas impostas por grandes potências a países da região. Nesse contexto, a Celac se fortalece como espaço de articulação do Sul Global, defendendo uma ordem internacional mais justa, baseada na solidariedade, no multilateralismo e na cooperação mútua.
Os líderes também manifestaram apoio à proposta de que um cidadão latino-americano ou caribenho ocupe a Secretaria-Geral das Nações Unidas, destacando que, até hoje, apenas um representante da região exerceu o cargo, e nenhuma mulher chegou à função. A iniciativa reforça o esforço coletivo por maior representatividade nas instâncias globais.
A cúpula celebrou ainda os avanços promovidos pela Presidência Pro Tempore (PPT) de Honduras, que desde 2024 organizou encontros de alto nível nas áreas de segurança alimentar, igualdade de gênero, energia, café, educação, mudanças climáticas, mobilidade humana e finanças. Sob a liderança do país centro-americano, a Celac impulsionou a troca de experiências e iniciativas concretas que aproximam os países membros.
A partir de agora, a Colômbia assume a Presidência rotativa da Celac no período 2025-2026, com uma agenda ambiciosa voltada à transição energética, saúde, educação, ciência e tecnologia, fortalecimento do comércio regional, conectividade e proteção dos direitos dos povos indígenas e afrodescendentes. A nova presidência também dará atenção especial ao combate ao crime organizado transnacional e à promoção da igualdade de gênero.
Um ponto de destaque na cúpula foi a situação do Haiti, que mobilizou uma manifestação unânime de solidariedade por parte dos chefes de Estado. Os líderes reafirmaram o compromisso da Celac com a reconstrução institucional e o desenvolvimento sustentável do país caribenho, em articulação com a comunidade internacional, mas com respeito à soberania haitiana.
A atuação coordenada da Celac em fóruns multilaterais também foi reconhecida como prioritária. A organização reafirmou a disposição de aprofundar o diálogo político com outros países e blocos regionais, consolidando-se como voz unificada da América Latina e do Caribe nas arenas globais.
A Celac emerge, mais uma vez, como protagonista na articulação do Sul Global e na defesa de uma nova arquitetura internacional, pautada na cooperação, na paz e no respeito mútuo. A unidade política do bloco é um sinal claro de que os países da região seguem comprometidos com a integração e com a construção de um mundo multipolar, onde a autodeterminação e o desenvolvimento justo possam prevalecer sobre as imposições e hegemonias.
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