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      El Salvador se transforma em colônia prisional: denúncia internacional aponta retrocesso civilizatório

      Raúl Llarull, em artigo para a PIA Global, denuncia acordo entre El Salvador e os EUA que transforma o país centro-americano em depósito de imigrantes

      Deportados venezuelanos dos EUA chegam a El Salvador (Foto: Secretaria de Imprensa da Presidência de El Salvador/Divulgação via REUTERS)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Em artigo publicado originalmente pela PIA Global, o jornalista e ativista internacionalista Raúl Llarull, membro da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), denuncia um dos episódios mais sombrios da história recente de El Salvador. Segundo ele, o acordo firmado entre o governo de Nayib Bukele e os Estados Unidos no dia 16 de março de 2025 representa um "retrocesso civilizatório" sem precedentes, que recoloca o país sob uma lógica de colonialismo e submissão a interesses imperiais.

      "A mesma nação que já declarou que 'El Salvador não é o quintal de ninguém' agora se transforma em uma colônia prisional a serviço de uma potência estrangeira", denuncia Llarull. O jornalista compara o episódio à traição bíblica de Jesus por 30 moedas de prata: "hoje, os traídos são o povo salvadorenho e os migrantes venezuelanos entregues ao cárcere".

      Acordo bilateral transforma território em prisão extraterritorial

      O artigo revela que o governo salvadorenho aceitou manter 238 imigrantes venezuelanos em suas prisões por um ano — período renovável —, em troca de um pagamento de 6 milhões de dólares dos EUA. Não há acusações formais nem provas contra os detidos, mas a mídia internacional os apresentou como criminosos. "Este é o preço da dignidade nacional", ironiza o autor.

      Essa política remete, segundo Llarull, à lógica de prisões extraterritoriais como Guantánamo, onde suspeitos são detidos sem julgamento, sem advogados, sem provas — apenas pela vontade política de quem governa. A base legal para essa política seria o ultrapassado Alien Enemies Act de 1798, ressuscitado para justificar o envio de migrantes a países terceiros, como El Salvador.

      Críticas a Bukele e paralelos com práticas neocoloniais

      Llarull não poupa críticas ao presidente Nayib Bukele, a quem acusa de "prostração" diante de Washington. Ele recorda que até mesmo o analista Daniel Zovatto, ligado a centros de estudos conservadores como o IDEA Internacional e o Woodrow Wilson Center, considera que o governo salvadorenho não apenas aceitou as imposições de Donald Trump, como foi além, oferecendo cooperação irrestrita em troca de proteção para manter seu projeto autoritário.

      Segundo Zovatto, a política externa de Trump voltou a ser pautada pela força e pela chantagem, tratando grandes potências com transações e países pequenos com ameaças. El Salvador é um dos casos mais extremos, avalia.

      Recordando o horror: Abu Ghraib, Guantánamo e os campos nazistas

      A denúncia vai além da conjuntura atual. Llarull faz um paralelo histórico contundente ao lembrar os casos de Abu Ghraib, prisões secretas da CIA no Oriente Médio e o uso da lógica da “guerra ao terror” para justificar a tortura, como ocorreu durante o governo George W. Bush. Também traça paralelos perturbadores com os campos de concentração nazistas, ao destacar que os imigrantes são tratados como criminosos apenas por sua condição migratória.

      Ele aponta que os detidos se encontram em um limbo jurídico absoluto, sem acusação formal nem processo legal. “Até mesmo o governo de Bukele, por meio de seu representante Andrés Guzmán, reconheceu que cerca de oito mil pessoas encarceradas eram inocentes. Mais de 300 morreram sob custódia.”

      A luta por justiça e solidariedade internacional

      O FMLN, partido histórico da esquerda salvadorenha, emitiu nota de solidariedade exigindo a libertação imediata dos venezuelanos. Llarull encerra seu texto com um apelo à comunidade internacional: “Que a solidariedade internacional contribua para o retorno dessas pessoas à sua pátria e para o fim da perseguição política sob o regime de Bukele”.

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