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‘Oposição venezuelana tenta criar clima de fraude em processo eleitoral pacífico’, analisa cientista político

A Constituição venezuelana não impõe um limite de reeleições para o chefe de Estado. O pleito tem apenas um turno e ganha quem tiver maior número de votos

Edmundo González (Foto: Reuters)

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Fernanda Forgerini, Opera Mundi - Diversos especialistas já certificaram que o sistema de votação da Venezuela é um dos mais seguros e transparentes do momento. Portanto, esperamos um processo eleitoral legítimo e pacífico. Essa é avaliação do cientista político argentino Matías Capeluto, que, a Opera Mundi, comentou a estratégia da oposição de criar um “clima de fraude” no pleito que acontece neste domingo (28/07) no país sul-americano.

Atualmente coordenador operacional do Grupo de Puebla, organização formada por 30 líderes de 12 países da América Latina, Capeluto analisa que o ambiente criado pelos opositores de Nicolás Maduro alimentam uma “narrativa da mídia internacional” que capitaliza o mesmo discurso há anos: de que as eleições na Venezuela são fraudadas.

“Muitas vezes as pessoas tentam distorcer uma posição que é lógica e não tendenciosa. Todos devem aceitar os resultados, e é por isso que Maduro e outros candidatos assinaram o acordo do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para obedecer ao que o órgão determina. O candidato da oposição mais dura ao chavismo [Edmundo González Urrutia] não assinou o acordo”, disse.

A eleição presidencial que ocorre no domingo está sendo disputada entre 10 candidatos, entre eles o atual presidente Maduro que busca a terceira reeleição. Vale recordar que a Constituição venezuelana não impõe um limite de reeleições para o chefe de Estado. Além disso, o pleito tem apenas um turno e ganha quem tiver maior número de votos.

Questionado sobre o suposto aumento da popularidade da direita nesta eleição, Capeluto disse que a melhor resposta será o resultado de domingo. Ele acredita que as percepções para este cenário ocorrem por conta da comunicação digital e da mídia social: “elas têm sido úteis para que a direita amplie seu discurso para mais setores da sociedade, talvez não tão confortáveis como antes”.

Mas o cientista político alerta que a concentração de um público no mundo digital cria micromundos que podem ser “enganosos quando analisados politicamente”. Isso por que, para ele, uma eleição se ganha com votos e não curtidas.

“E o que conta é facilitar a vida das pessoas resolvendo problemas reais. É por isso que no domingo teremos uma ideia mais precisa de como a sociedade se sente representada”, afirmou a Opera Mundi.

E agora, Maduro?

Capeluto acredita que o atual líder do Palácio de Miraflores tem “uma boa chance de ser reeleito”, enxergando que as principais críticas aos mandatos anteriores de Maduro foram, principalmente questões econômicas, situação que teve uma recuperação.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país, por exemplo, teve um crescimento de 2,6% em 2023, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O movimento para essa recuperação se deu a partir do aumento da atividade petrolífera, que subiu 9,4%, mas também de outros setores produtivos – que cresceram cerca de 1,6%.

Ele também apontou dados do próprio Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um crescimento próximo a 5% para este ano na Venezuela.

“Os resultados foram palpáveis no dia a dia das pessoas. As imagens de desabastecimento que percorreram o mundo anos atrás pararam de circular, o consumo privado aumentou, assim como a produção e outros índices macroeconômicos. Não acho que os eleitores estejam alheios a isso, e é por isso que acredito que Maduro e a Venezuela têm uma grande oportunidade pela frente”, afirmou.

Na esteira da recuperação econômica venezuelana, Capeluto apontou a possibilidade de uma adesão de Caracas ao BRICS. Para ele, essa seria a “melhor maneira” de enfrentar o bloqueio e as sanções impostas unilateralmente pelos Estados Unidos ao país, além de que, de acordo com o cientista político, o mundo precisa de energia, e a Venezuela tem “muito a oferecer”.

“Razão pela qual o BRICS poderia ser uma boa alternativa para contornar as sanções dos EUA e, assim, fortalecer seu posicionamento regional e global”, disse.

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