Petro, da Colômbia, suspende diálogos de paz com o ELN após nova onda de ataques
Ruptura ocorre após relatos do assassinato de dezenas de pessoas no Catatumbo, onde o ELN enfrenta uma dissidência das Farc
247 - O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, suspendeu nesta sexta-feira os diálogos de paz com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) devido aos "crimes de guerra" cometidos na região de Catatumbo, localizada entre os departamentos de Norte de Santander e Cesar.
Essa ruptura no processo de conversações, que já estava congelado há meses, ocorre após relatos do assassinato de dezenas de pessoas em Catatumbo, onde o ELN enfrenta uma dissidência das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
"O que o ELN cometeu no Catatumbo são crimes de guerra. O processo de diálogo com esse grupo está suspenso, o ELN não tem nenhuma vontade de paz", escreveu Petro na rede social X.
Na quinta-feira, os combatentes do ELN mataram pelo menos cinco membros desmobilizados da antiga facção das Farc que faziam parte de um acordo de paz de 2016. O grupo também lançou ataques contra integrantes do Estado Maior Central (EMC), uma facção dissidente das Farc envolvida em negociações de paz separadas com o governo.
De acordo com informações do canal RT, a chefe da delegação do governo nas conversas com o ELN, Vera Grabe, declarou que este era "um dia duplamente triste" para o país, pois se completavam seis anos do atentado à escola de cadetes em Bogotá, perpetrado pelo ELN, e porque esse grupo armado mantém uma campanha na região do Catatumbo "que tem afetado principalmente civis, líderes sociais e signatários do acordo de paz".
Grabe reforçou que "o processo está suspenso até que o ELN decida se realmente deseja seguir o caminho da paz", destacando que o país "não suporta mais incertezas e exige uma decisão clara".
Na véspera, o representante especial do secretário-geral da ONU na Colômbia, Carlos Ruiz Massieu, condenou a morte de cinco ex-combatentes e líderes sociais durante os confrontos e apelou para "a proteção da população civil e das comunidades". Ele também pediu que os grupos armados "cessem as ações violentas". "A verdadeira vontade de diálogo passa por respeitar a vida daqueles que optaram pela paz", concluiu.
Nova onda de combates entre dissidências das FARC e o ELN abala região colombiana
O governador de Norte de Santander, William Villamizar, informou que as cifras extraoficiais de mortos chegam a 34 pessoas, enquanto a Defensoria do Povo contabiliza 30 vítimas fatais, segundo publicação em sua conta na rede X.
Para janeiro estava prevista uma "nova etapa" de conversações entre as delegações do ELN e do governo colombiano, após quase um ano de negociações congeladas e sem avanços significativos, com acusações mútuas de descumprimento dos acordos já firmados.
Um dia antes da decisão de Petro de suspender o processo de paz com o ELN, o alto comissário para a paz da Colômbia, Otty Patiño, denunciou que o Comando Central dessa guerrilha planejava assassinar seu principal assessor e chefe da delegação do governo nas conversas com o Clã do Golfo, Álvaro Jiménez.
A possibilidade de um acordo após os diálogos iniciados em novembro de 2022 já parecia distante, especialmente após Israel Ramírez Pineda, conhecido como 'Pablo Beltrán', afirmar que não haveria avanços durante o governo de Petro.
O presidente Gustavo Petro e sua administração assumiram o poder na Colômbia no verão de 2022, comprometendo-se a alcançar uma paz abrangente com as diversas milícias rebeldes e gangues paramilitares de narcotráfico do país, com base nos acordos de paz firmados com as Farc.
Os diálogos de paz entre o ELN e o governo, que foram reiniciados em 2022, foram marcados por contratempos. Em setembro, o governo suspendeu as negociações um dia depois que um ataque do ELN com explosivos matou dois soldados e feriu 29 perto da fronteira com a Venezuela.
As negociações também foram interrompidas quando o governo iniciou negociações separadas com um grupo dissidente do ELN no sudoeste, enquanto o ELN retomava os sequestros, os bombardeios de oleodutos e os ataques às forças de segurança. (Com agências).
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