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    Presidente boliviano traiu e sabia de plano para me eliminar, acusa Evo Morales

    Morales afirma que Luis Arce e ministro do governo teriam conspirado para eliminá-lo e critica atual gestão por "direitização" da política

    Evo Morales (Foto: David Mercado/Reuters)

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    247 - Em uma entrevista contundente à Folha de S. Paulo, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, de 65 anos, lançou graves acusações contra seu antigo aliado e atual chefe de Estado, Luis Arce, sugerindo que ele tinha conhecimento de planos para eliminá-lo “política e fisicamente”. Segundo Morales, a orquestração envolveria o ministro de Governo, Eduardo del Castillo. Morales afirma que no último domingo (27), teria sofrido uma emboscada planejada para matá-lo, parte de uma série de investidas políticas contra ele.

    Falando de Cochabamba por videochamada, Morales relatou que, já em 2022, foi alertado sobre um suposto plano de eliminação organizado por membros do governo Arce. “Chegaram a mim com esse plano [para me eliminar] em janeiro de 2022, [vindo] da equipe de comunicação do ministério do Governo”, revelou, lembrando uma ocasião em que confrontou Arce sobre o tema, mostrando-lhe documentos. “Mostrei: ‘Lucho, presidente, o que é isso? Um plano para eliminar politicamente Evo.’ Ele se assustou e então me disse: ‘Vou investigar’. Até agora, nada”, afirmou. Para Morales, a falta de reação de Arce é prova de sua anuência com o suposto complô.

    Uma ruptura que evidencia divergências ideológicas

    Morales foi um dos principais articuladores para que Arce fosse eleito presidente, mas diz que, desde então, o ex-pupilo tem seguido uma linha de governo contrária às diretrizes do Movimento ao Socialismo (MAS). Segundo ele, Arce adotou “a receita do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional: reduzir o Estado”. Essa mudança teria levado o país a depender das multinacionais para investimentos, o que, na visão de Morales, vai contra o modelo de nacionalizações que ele implementou durante seus 14 anos no poder. “Demonstramos em 14 anos, nacionalizando os recursos naturais e os serviços básicos, que a Bolívia tinha muito futuro”, declarou.

    O distanciamento entre os antigos aliados se consolidou ao longo do último ano, com Morales acusando Arce de "direitizar-se programaticamente". Segundo o ex-presidente, Arce teria se aproximado dos Estados Unidos, o que considera uma quebra de confiança. “Não posso entender como em junho, durante o golpe ou autogolpe, a Embaixada dos Estados Unidos o defendeu. Quando no mundo, especialmente na América Latina, os Estados Unidos vão defender um governo de esquerda? Nunca”, criticou.

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