Venezuela intensifica ataques a Lula e ao Itamaraty
Charges retratam o presidente Lula e a diplomacia brasileira como submissos aos interesses dos Estados Unidos
247 - A agência de notícias estatal da Venezuela divulgou, neste domingo (3), uma charge insinuando um suposto envolvimento obscuro do Ministério das Relações Exteriores do Brasil com a embaixada dos Estados Unidos no país. O ataque surge em meio à intensificação da crise entre o governo brasileiro e o regime de Nicolás Maduro e está acompanhada de ataques ao Itamaraty.
Segundo o Metrópoles, o artista Vicman, responsável pela charge, utilizou o termo "Itamaraty pitiyankee", uma expressão jocosa que faz referência aos americanos e que tem origem na maneira como os britânicos costumavam se referir aos colonos dos Estados Unidos. A provocação coincide com o descontentamento da Venezuela após a divulgação da lista de convidados para o bloco BRICS, onde o país não foi incluído.
Nas charges, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é retratado dentro de um cavalo de Tróia, uma alegoria que sugere manipulação, insinuando que Lula se disfarça de aliado da Venezuela enquanto, na verdade, atende a interesses estadunidenses. Vicman descreve a situação com a frase “nada que surpreenda”.
Ainda de acordo com a reportagem, em outra ilustração, Lula emerge de um armário, vestido com um terno estampado nas cores da bandeira dos EUA, com Vicman comentando: “Que nojento esse velho é, mas pelo menos ele saiu do armário”. Em uma terceira charge, o presidente observa Maduro e o presidente russo Vladimir Putin, ambos se cumprimentando, enquanto usa um chapéu simbólico dos Estados Unidos.
A quarta e última charge apresenta Lula ao lado dos presidentes da Argentina, Javier Milei, e do Chile, Gabriel Boric, todos retratados como cachorros de estimação de uma figura envolta na bandeira americana, com Vicman se referindo a eles como "a ninhada pitiyankee". Apesar de suas diferenças ideológicas, Milei e Boric são críticos do regime de Maduro.
A escalada na crise diplomática entre os dois países se intensificou após Maduro convocar o embaixador Manuel Vadell a retornar a Caracas, após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no BRICS. No mesmo dia, o governo venezuelano emitiu um comunicado que condenava as recentes posturas do Brasil e criticava o ex-chanceler Celso Amorim, que, segundo o texto, “comporta-se mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano”.
Amorim, considerado um dos principais assessores do presidente Lula em política externa, declarou em uma reunião da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados que a Venezuela não atende aos critérios necessários para a inclusão no bloco.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil respondeu às críticas venezuelanas, afirmando ter recebido com “surpresa” o tom “ofensivo” das declarações. O governo brasileiro ressaltou que a opção por “ataques pessoais e escaladas retóricas” não reflete a maneira respeitosa como o Brasil se relaciona com a Venezuela e seu povo.
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