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      Oliveiros Marques

      Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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      Anistia: o tiro no pé?

      Como os candidatos do Centrão enxergam essa possibilidade? A anistia coloca Bolsonaro na disputa até 2030, adiando os sonhos presidenciais dessa turma para 2034

      Ato pró-anistia aos golpistas do 8 de Janeiro em Copacabana, Rio de Janeiro-RJ - 17/03/2025 (Foto: Reuters)

      Logo após a decisão que tornou réus Jair Bolsonaro e alguns de seus principais aliados na tentativa de derrubar o Estado Democrático de Direito, a infantaria golpista virou suas baionetas para a aprovação de um projeto que busca conceder anistia aos criminosos do 8 de janeiro. Detalhe: ainda nem sabemos quem são todos eles, pois muitos julgamentos seguem em curso.

      Mas tenho uma triste notícia para a horda: esse projeto não vai passar. As tiazinhas do zap - verdadeiras “bois de piranha” -, assim como financiadores, executores e os autores intelectuais, vão cumprir suas penas. E digo isso com convicção, por alguns fatores que impedirão o avanço dessa esperteza.

      Primeiro, a quem interessa essa anistia? A um setor relevante da sociedade brasileira ou a um núcleo familiar? Está na cara que o apelo se restringe à família Bolsonaro e ao seu círculo íntimo, que se beneficia diretamente e depende dessa relação. Pesquisas já mostraram que o tema não tem apelo popular.

      Agora, imaginemos o deputado Hugo Motta, um parlamentar jovem, de um pequeno estado, carimbando sua biografia com uma esculhambação dessas: ser o presidente da Câmara dos Deputados que aprovou o “liberou geral” contra a democracia? Não creio que esteja em seu horizonte começar sua trajetória nacional com essa pecha. Logo, não contaria com o empenho dele para esse projeto andar.

      E talvez o ponto mais determinante: anistiar Bolsonaro - porque a real preocupação aqui não são as tiazinhas do zap, mas sim livrar o ex-presidente da cadeia - significa trazê-lo de volta ao jogo eleitoral. Agora pense: como os possíveis candidatos do Centrão enxergam essa possibilidade? Com certeza, fazem as contas. E o resultado coloca Bolsonaro na disputa até 2030, adiando os sonhos presidenciais dessa turma para, no mínimo, 2034. Porque mesmo perdendo as eleições de 2026, ele apresentará novamente a candidatura nas eleições seguintes. Não esqueçamos que a simples candidatura já monetiza.

      Muitos dos que hoje sonham em ser presidente provavelmente já terão abandonado a política até lá. Por isso, não se surpreenda ao ver esses mesmos personagens se movendo contra a anistia. Para eles, essa jogada não passa de um verdadeiro tiro no pé.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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