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    Leônidas Mendes

    Professor de História

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    As elites paraibanas acham feio o que não é espelho

    Já pensaram onde o mundo vai parar: um negro atendendo uma distinta senhorita branquíssima como as nuvens do céu e um mortal questionando as decisões de um desembargador? É o fim do mundo!

    Imagem: As elites paraibanas acham feio o que não é espelho, de Leonidas Mendes (Foto: imagem artigo Leonidas Mendes)

    A Paraíba tá na moda! Nesta semana foi diversas vezes notícia nacional; nem sempre de modo abonador, mas o importante é tá na moda. Né mesmo?!

    Primeiro, tivemos uma distinta representante do nosso DNA euro caucasiano que, embora jurasse pelo nosso santo padim Padre Cícero Romão Batista não ser racista, reivindicou “o direito (sic) de não ser atendida por um negro”.

     Conforme suas palavras num grupo de rede social: “Avistei um funcionário de cor escura atendendo. Não me se sinto bem sendo atendida por um preto”, escreveu. A mulher disse ainda que, “antes de ver o funcionário, achava que a lanchonete era um ‘local de respeito e de família’”.

    Pois é, onde já se viu, um negro atender num “local de respeito e de família”? Talvez, “essa coisa de cor seja contagiosa, né mesmo”? Quem sabe? Nesses tempos de terras planas, é bem capaz!

     Mas, tal atitude só pode ser surpresa pra quem não conhece “as elites brancas” da Paraíba! 

     Esta semana também soubemos que o “deidificado”, que dizer, togado, desembargador Ricardo Vital de Almeida, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), havia ingressado em setembro com uma ação de reparação de danos contra o professor e cientista político Flávio Lúcio e a editora Meraki.  

    A tentativa de censura se deveu ao fato do simplérrimo mortal, no capítulo 17 do livro “LAWFARE: o calvário da democracia brasileira”, ter se “atrevido” questionar os meios, métodos e as intenções do santíssimo excelentíssimo inquestionabilíssimo magistrado. Só faltou ser preto! 

    Já pensaram onde o mundo vai parar: um negro atendendo uma distinta senhorita branquíssima como as nuvens do céu e um mortal questionando as decisões de um desembargador? É o fim do mundo! 

    Quem sabe que por quase 60 anos o Palácio da Redenção, sede do governo do Estado da Paraíba, ostentou seu assoalho “enfeitado” com a suástica, numa homenagem do governador Argemiro Figueiredo, espelho de nossa elite, à Alemanha nazista, não se surpreende. 

    PS.: Que o recém nomeado ministro do Turismo seja um sanfoneiro paraibano, fundador de uma banda (sic) chamada Brucelose, doença de gado, é só um troco! 

    PS2.: Desembargador Ricardo Vital de Almeida, o senhor já ouviu falar da “mala voadora do Edifício Concorde”? Se não lhe for pedir muito, e podendo o senhor deixar seus sagradíssimos afazeres: qual sua opinião? O senhor já se manifestou algum dia? Poderia nos repetir? 

    PS3.: Santíssimo desembargador, em sua opinião nossa nobre euro caucasiana cometeu um crime de racismo ou de injúria racial? Ou o senhor não poderá responder a este simples mortal? Aliás, devo lembra-lo: sou negro!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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