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    Jeferson Miola

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    Big techs agem como facções: sabotam audiência do governo e participam de seminário do PL

    Caso nada seja feito em termos de regulação e regulamentação do funcionamento das plataformas digitais, a lisura da eleição de 2026 ficará seriamente ameaçada

    Celular (Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil)

    As big techs sabotaram a audiência pública de 22 de janeiro convocada pela Advocacia Geral da União para debater a regulamentação das plataformas digitais com especialistas, entidades sociais e instituições públicas.

    As empresas foram extremamente desrespeitosas, e sequer apresentaram justificativas públicas sobre os motivos para se ausentarem do evento oficial do governo.

    No entanto, um mês depois de se recusarem a participar da audiência do governo, nos dias 20 e 21 de fevereiro estas empresas participaram do 1º Seminário Nacional de Comunicação do PL, partido de Bolsonaro, cujo objetivo foi o de “debater estratégias para ampliar a presença digital do PL e preparar o caminho para as eleições de 2026”.

    O Partido informou que “o seminário ainda contou com a colaboração de representantes das principais plataformas digitais, como X, Meta, Google, Tik Tok e Kwai, que dividiram suas experiências para enriquecer o conteúdo apresentado durante o evento”.

    No local do evento foram espalhados banners com mensagens como: “O Partido Liberal e as big techs unidos pela liberdade de expressão”; “O maior evento de comunicação partidária digital do Brasil”; “Em defesa da democracia e liberdade de expressão dos brasileiros”.

    As escolhas das big techs –de sabotagem do governo e de colaboração institucional ao PL– evidenciam pelo menos três posturas das gigantes de tecnologias de comunicação e informação: [1] não pretendem cooperar com o esforço da sociedade para impedir o uso das plataformas digitais como veículos de disseminação de mentiras e de discursos de ódio, violência e intolerância, [2] agem ou por ideologia ou por conveniência econômica como facções ideológicas a serviço da ultradireita e do extremismo, e [3] não pretendem respeitar a soberania nacional e se submeter às leis e à Constituição brasileiras.

    Após a posse de Donald Trump as big techs se assumiram nitidamente como instrumentos ideológicos de viés fascista a serviço da Administração Trump, e, ao mesmo tempo, da organização mundial da extrema-direita.

    A defesa da liberdade de expressão falseia, na realidade, a lógica do libertarianismo por trás da perspectiva da contrarrevolução fascista e reacionária a que se dedicam.

    Elon Musk é o mais ativista dos donos das big techs. Ele costuma exercer ingerência indevida em assuntos internos de vários países, como estratégia dos seus negócios – como no golpe na Bolívia em 2019 para controlar a exploração de lítio.

    Musk tem encabeçado a ofensiva extremista contra a soberania do Brasil e se colocado na linha de frente no enfrentamento ao governo e ao STF.

    Na eleição legislativa na Alemanha [23/2] Musk usou o X [antigo Twitter] para ajudar no desempenho do partido nazi AfD, de Alice Weidel, que dobrou sua votação em relação à eleição anterior.

    As plataformas digitais cujos proprietários aparentemente não têm o mesmo perfil ideológico nazi-fascista como Musk, no fim também acabaram adotando o mesmo modelo de negócio defendido por ele, como fez recentemente Mark Zuckerberg, o dono da Meta [Facebook, Instagram e WhatsApp]. Ou seja, ou aderem ao fascismo por ideologia, ou para auferirem maior rentabilidade dos seus negócios com as práticas criminosas de extremistas.

    A dificuldade do governo Lula em melhorar sua popularidade deriva do alto custo de vida, é verdade. Mas é preciso considerar, ao lado disso, também o peso das plataformas digitais, que permitem a propagação de mentiras e práticas de terrorismo econômico pela extrema-direita, como no caso do PIX.

    Caso nada seja feito em termos de regulação e regulamentação do funcionamento das plataformas digitais, a lisura da eleição de 2026 ficará seriamente ameaçada pelas big techs.

    A suspensão ou o banimento das empresas que desrespeitam nosso sistema legal poderá não ser viável, se não existirem no país alternativas disponíveis de plataformas sociais.

    A suspensão do X no ano passado foi totalmente absorvida, não causou maiores transtornos. O mesmo não se pode assegurar, por exemplo, com a suspensão ou o eventual banimento do Instagram, que é utilizado como meio de trabalho por dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros.

    Torna-se urgente, portanto, que juntamente com a regulamentação das plataformas digitais, se discuta a viabilização imediata de plataformas públicas, de caráter não-estatal, “para garantir a ampla liberdade, pluralidade e diversidade de uma internet livre de crimes, violências e ódios”.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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