TV 247 logo
    Alex Solnik avatar

    Alex Solnik

    Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

    2708 artigos

    HOME > blog

    Bolsonaro precisa mais de Tarcísio que Tarcísio de Bolsonaro

    "Governador é a bala de prata do inelegível", avalia Alex Solnik

    Bolsonaro e Tarcísio de Freitas (Foto: Reprodução/Facebook)

    Vejam como são as coisas: as cenas que vemos, os discursos que ouvimos levam a crer que o governador Tarcísio de Freitas é um reles capacho de Bolsonaro, não se cansa de jurar fidelidade, de cobri-lo de elogios, defender sua inocência mesmo diante de tantas provas em contrário, mas, no frigir dos ovos, é ele quem está com o burro amarrado na sombra.

    A primeira vantagem que Tarcísio leva sobre seu ídolo é que ele não está a um passo de ser julgado e condenado por conspirar contra o Estado democrático de direito, nem tem um passado que o condena, nem tem um horizonte de longos embates com a Justiça, é um homem livre.

    Essa é uma grande vantagem.

    A segunda, é que Tarcísio já exerce um cargo importante, de muito poder e muito dinheiro, e sua perspectiva é ou reeleger-se com um pé nas costas daqui a um ano ou disputar a Presidência da República. As duas opções são boas.

    Bolsonaro tem apoiadores, ainda, mas não tem caneta, nem perspectiva de volta ao poder enquanto os atuais ministros permanecerem no STF. Já está inelegível até 2030, mas com as novas condenações que até as pedras do Vivendas da Barra sabem que virão, ficará inelegível por mais oito anos, no mínimo, até 2038, quando terá 80 anos.

    A sua bala de prata não é eleger uma grande bancada de senadores, capaz de derrubar ministros do STF, e sim mudar a composição do STF, o que só poderá conseguir se eleger um aliado em 2026.

    E aí é que entra Tarcísio.

    Todas as pesquisas apontam para ele como o mais forte bolsonarista para o Planalto em 2026, muito mais que Ratinhos, Caiados e Zemas. Caso confirme as pesquisas, e suceda Lula, poderá dar mais uma demonstração de lealdade canina a Bolsonaro, nomeando três magistrados terrivelmente bolsonaristas no lugar de Cármen Lúcia e Fux (que saem em 2029) e Gilmar Mendes (em 2030).

    Somados aos dois bolsonaristas atuais, Bolsonaro passaria a contar com cinco votos.

    Para obter a maioria, Tarcísio teria de se reeleger e, em 2033, colocar outros dois bolsonaristas nas vagas de Fachin e de Barroso.

    Com sete votos em 11, Bolsonaro teria chance de reverter sua prisão, sua inelegibilidade e o escambau.

    Se esse cenário não vingar e Lula se reeleger, aí Inês é morta. Lula nomeia os três novos ministros. Ainda que em 2030 ganhe um bolsonarista, só poderá nomear dois, quatro votos pró-Bolsonaro com os dois atuais.

    Os outros quatro - Zanin, Dino, Moraes e Toffoli - ficam por mais vinte anos, quando Bolsonaro terá 88.

    Tarcísio tem dois horizontes políticos, um melhor que o outro. Bolsonaro, nenhum.

    O problema é Bolsonaro coroar Tarcísio seu herdeiro político e ele ficar mais poderoso ainda, a ponto de formar seu próprio núcleo de poder.

    Seja como for, ele precisa mais de Tarcísio que Tarcísio, dele.   

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

    Relacionados