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    Reimont Otoni

    Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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    Cedae, um "case" de dano à população

    Privatização gera caos hídrico

    (Foto: Cedae/Divulgação)

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    Escrevo às 8 da manhã desse dia 3 de dezembro. Há exatamente uma semana, a Cedae e a concessionária Águas do Rio iniciavam a operação anual de manutenção no Sistema Guandu, com a promessa de que o abastecimento estaria normalizado em 24 horas. Hoje, sete dias depois, o que era promessa virou pesadelo. 

    Em meio à onda de forte calor, milhares e milhares de famílias, escolas, unidades de saúde, estabelecimentos comerciais, continuam sem um pingo d’água nas torneiras, pagando preços cada dia mais altos por carros-pipas e água mineral. Só na cidade do Rio de Janeiro, ainda são 700 mil pessoas sem água. Em algumas favelas, a situação é extremamente crítica.

    Depois de quase 150 horas de silêncio, o governador do Rio de Janeiro veio ontem a público e, tirando do bolso uma desculpa esfarrapada, culpou gestões anteriores pelo caos hídrico que se instalou no estado. 

    Não, governador, o caos começou no dia 30 de abril de 2021, quando a Cedae foi privatizada, em leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, acompanhado e saudado pelo golpista Jair Bolsonaro como “o primeiro passo” de outras concessões que ele desejava fazer. 

    O senhor, à época no papel de governador interino que aguardava o impeachment de Wilson Witzel, acompanhou pela TV, mas deu total apoio.

    De lá pra cá, a empresa promoveu um corte de custos operacionais de mais de 1 bilhão de reais, só em 2022!

    De lá pra cá, a companhia demitiu mais de 30% dos seus trabalhadores, incluindo uma legião de técnicos de alta especialização e com profundo conhecimento dos sistemas e redes da Cedae, que, de 5.200 funcionários em 2021 caiu para menos de 3000.

    De lá pra cá, a falta d’água voltou a assombrar a população fluminense, especialmente nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro.

    De lá pra cá, a tarifa aumentou. Hoje, a tarifa social (destinada às pessoas em vulnerabilidade social) no Rio supera a de São Paulo em mais do que o dobro e a tarifa residencial (a normal) é 71% mais cara.

    E tudo isso vai piorar, se não houver uma grande mobilização para interromper essa trajetória. A direção da Companhia não esconde que deve o “bom” desempenho administrativo a cortes de pessoal, cortes operacionais e taxas elevadas.

    A Águas do Rio já anuncia um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV), que afetará 87,5% dos trabalhadores e trabalhadoras até o ano de 2025. Não vai dar certo.

    A concessionária precisa explicar o que está acontecendo e quais providências irá tomar, em termos objetivos, e deve ser punida pelo prejuízo que está causando à população e à economia do estado. A multa aplicada pelo Procon RJ, de 13 milhões, é um passo, mas não basta. Uma das ações mais urgentes é suspender o acordo assinado no final de novembro, entre o governo Claudio Castro e a Águas do Rio, que vai impor um aumento extra nas tarifas em 2025 e em 2026, prejudicando 10 milhões de pessoas. Neste sentido, estou oficiando o governo do estado do Rio de Janeiro.

    A companhia alega ter tido prejuízo no leilão. E o prejuízo da população, quem vai pagar?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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