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      Marcelo Pires Mendonça

      Professor da rede pública de ensino do DF e especialista em Direitos Humanos

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      Comunicar as conferências nacionais é comunicar democracia

      As conferências nacionais representam uma oportunidade única para o governo federal

      Reunião do presidente Lula com ministros do governo federal no Palácio da Alvorada (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

      As conferências nacionais representam uma oportunidade única para o governo federal demonstrar, na prática, seu compromisso com a participação social e a construção coletiva de políticas públicas. Mais do que eventos burocráticos, elas são poderosos instrumentos de comunicação que podem projetar uma imagem de governo aberto, democrático e sensível às demandas da população. Se comunicadas de forma eficaz, essas conferências mostram à sociedade que o Estado não apenas ouve, mas incorpora as vozes dos cidadãos no processo decisório - uma narrativa extremamente positiva em um contexto político marcado pela polarização.  De 1941 a 2024 foram realizadas 184 conferências nacionais, das quais 75 ocorreram nos governos Lula 1 e 2, 42 nos governos Dilma 1 e 2, e, até o momento, 13 no governo Lula 3, totalizando 130 conferências nacionais realizadas durante os governos democráticos e populares. 

      Tais processos abordaram mais de cinquenta áreas temáticas em níveis municipal, regional, estadual e nacional e mobilizaram milhões de pessoas no debate de propostas para as políticas públicas. Para 2025 estão previstas pelo menos quinze conferências, já iniciadas suas etapas preparatórias, sendo uma delas inédita: a Conferência Nacional de Mulheres Indígenas. As conferências nacionais representam uma conquista histórica da sociedade civil, tornando-se, ao longo dos anos, espaços cada vez mais participativos, efetivos e inovadores. Elas incorporam temas essenciais ligados aos direitos de minorias e grupos em situação de vulnerabilidade social. Reconhecidas como modelo global de inovação no setor público, essas conferências elevaram o Brasil à condição de referência internacional em democracia participativa. As conferências nacionais são uma invenção brasileira que deu certo.

      As conferências nacionais são, também, uma plataforma abrangente para a comunicação do governo: as conferências trazem dramas humanos, debates relevantes, decisões concretas e histórias de transformação. São possibilidades midiáticas completas, adaptáveis a diferentes plataformas: desde reportagens aprofundadas para veículos impressos e digitais até documentários de alto impacto para televisão, passando por conteúdos dinâmicos para redes sociais e pautas humanizadas capazes de repercutir na grande mídia. Cada etapa do processo - desde as etapas municipais até a nacional - gera material valioso que pode ser trabalhado em diferentes formatos e linguagens, alcançando públicos diversos e consolidando a imagem de um governo que faz política com a sociedade, não apenas para ela.

      É imprescindível entender que a comunicação das conferências não pode se limitar à cobertura do evento final, ou seja, a etapa nacional. O processo preparatório - com etapas municipais, estaduais, distrital, regionais, livres e digitais, eleição de delegados e construção de propostas - já é em si uma grande história a ser contada. Mostrar a diversidade de participantes, desde lideranças comunitárias até especialistas, passando por cidadãos comuns que nunca haviam participado de espaços de decisão, cria uma narrativa poderosa sobre democracia em ação. Essa abordagem transforma as conferências de meros eventos em um fenômeno que movimenta a sociedade no processo de construção da democracia.

      Na era da desinformação, as conferências oferecem conteúdo factual e positivo para contrapor narrativas negativas sobre a política. Cada política pública construída a partir desses espaços, cada história de vida transformada, cada número que evidencie a abrangência da participação, são contrapontos poderosos ao ceticismo político. Uma comunicação eficiente e bem planejada das conferências pode ajudar a reconstruir a confiança nas instituições, ao demonstrar que o sistema democrático funciona quando há espaços reais de participação. O desafio é adotar um modelo de comunicação assertiva para as conferências, o que significa planejamento orgânico, produção de material multimídia que gere engajamento com informação e articulação com a grande mídia e as mídias alternativas para garantir cobertura além dos canais oficiais. 

      O retorno, em termos de imagem positiva e demonstração de capacidade de gestão participativa, pode ser imensurável. Comunicar bem as conferências não é apenas sobre melhorar a imagem do governo. É sobre fortalecer a democracia brasileira. Quando um cidadão vê milhares de pessoas participando ativamente da construção de políticas públicas, quando entende que essas vozes podem fazer a diferença e compreende que existem inúmeros espaços de debate em que se decidem as políticas públicas que impactam no dia a dia de toda sociedade, estamos promovendo uma cultura política mais participativa e diversa. Essa é, talvez, a maior contribuição que a comunicação governamental pode dar ao país neste momento histórico: comunicar as conferências nacionais é comunicar democracia!

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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