Democratas entenderam a fórmula
A campanha Democrata começou muito mal com Joe Biden na cabeça de chapa, mas a ascensão de Kamala Harris já deu certo
Steve Bannon e Cambridge Analytica ensinaram aos diversos grupos políticos de todo o mundo como vencer eleições utilizando amplamente as redes sociais. Como captar e manter atenção mesmo que o tema em destaque pareça coisa improvável e até absurda. Eles ensinaram que o fundamental engajamento vai para além do joinha. Ou seja, requer envolvimento também nas ruas e, a partir do Brexit, no Reino Unido, a velha tática da extrema direita de criar pavor constante, mentir e incitar o ódio, escancarou a xenofobia na Europa.
A célere fórmula vitoriosa foi parar nos Estados Unidos e garantiu o assento na Casa Branca a Donald Trump, em 2016. Acontece, porém, que o partido Democrata, tudo indica, aprendeu com os próprios erros e, nas eleições desse ano, estão usando e abusando das redes sociais. O uso correto dessa ferramenta pode determinar a vitória.
Na grande convenção Democrata dessa semana, ao observarmos, tudo o que foi dito teve a intenção de criar fortes laços com o eleitorado e, sobretudo, com novos curiosos espectadores nos smartphones. Os discursos da parlamentar Alexandria Ocasio-Cortez, do casal Michelle e Barack Obama, Tim Waltz, vice, e o da própria candidata Kamala Harris foram pensados para gerar cortes e memes. Nesse momento, o partido Democrata quer estimular a discussão entre os jovens preocupados com os direitos das mulheres e com a questão racial negra. Barack Obama, aliás, exacerbou o seu próprio comportamento ao fazer gesto pouco sensível com as mãos para criticar Trump e suas atenções sexuais.
A campanha Democrata começou muito mal com Joe Biden na cabeça de chapa, mas a ascensão de Kamala Harris já deu certo. Ela elevou o nível Democrata nas pesquisas, não por ser Kamala e o seu partido baluartes da moral e civilidade. Pelo contrário. A questão é que há percepção de que a vitória de Donald Trump seria um grande retrocesso interno. Pensando em aspectos internacionais será difícil o partido Republicano causar tamanha destruição como os Democratas conseguiram em Gaza, mas nada é impossível para os EUA quando o assunto é tragédia. Apesar de ambos os partidos terem diferenças e semelhanças, em relação à América Latina e o Brasil, Donald Trump presidente e J. D. Vance de vice seria péssimo para região.
O atentado que retalhou a orelha de Trump, o lançou como candidato imbatível. Agora a situação mudou, os holofotes estão sobre Kamala Harris. resta ao ex-presidente fazer o que faz de melhor: acentuar o caráter extremista da campanha. Dobrar a aposta. Mentir, xingar sem pudor e culpar o partido Democrata pelo genocídio na Faixa de Gaza e pelo horror na Ucrânia. Agora, nas redes sociais, a disputa será, no mínimo, igual.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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