Derrota da direita venezuelana não surpreendeu ninguém – nem poderia
O objetivo é claro: reintegrar a Venezuela e suas valiosas reservas minerais ao domínio imperialista
Um bom resumo do comportamento da mídia reacionária diante da reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela encontra-se na última linha do editorial de O Globo (29/07/2024): "O Brasil precisa denunciar a farsa eleitoral de Maduro", conclama o texto, numa sugestão que, apesar de ridícula, envolve ambições políticas óbvias.
Numa operação de sabotagem contra o voto de 11 milhões de eleitoras e eleitores que foram às urnas neste domingo, propõe-se que o governo Lula dê um tiro no próprio pé, somando a reconhecida influência regional do país e seu governo numa investida de inspiração imperialista contra um aliado histórico, já integrado a memória política e econômica desta região do planeta.
"Em nenhum momento o processo na Venezuela inspirou confiança. As irregularidades foram constantes", prossegue a Vênus Platinada, numa retórica previsível de quem encara uma tarefa vergonhosa – pressionar o governo brasileiro a cometer uma traição contra um parceiro histórico – e com essa finalidade procura reescrever os fatos conforme seu interesse e conveniência.
O que se quer, aqui, é devolver a Venezuela e suas riquíssimas reservas mineiras ao circuito imperialista, impedindo que parcelas consideráveis desses benefícios sejam partilhados com as camadas pobres da população, em projetos de investimentos públicos e distribuição de renda que são a marca principal dos governos chavistas.
Encerrada a campanha, o problema de um palavreado tão contundente encontra-se na consistência gelatinosa – para não dizer nula – das observações negativas sobre uma votação ocorrida sob o olhar atento da maioria da população do país.
Foram 11 milhões de eleitores e eleitoras – ou 54% do eleitorado total – que saíram de casa, neste domingo, obviamente informados sobre a relevância da pauta do dia e em sua maioria já resolvidos sobre a atitude a tomar nas urnas.
A derrota do candidato de direita, o diplomata Edmundo Gonzales, não surpreendeu ninguém – nem poderia. Sua expressão política é nula e ele só ganhou relevância na vida pública como testa de ferro assumido de uma deputada, Maria Corina Machado, milionária de extrema direita, que perdeu os direitos políticos por 15 anos depois que foi condenada numa investigação sobre ocultação da própria fortuna.
Neste ambiente, a eleição de domingo foi um clássico pleito sul-americano, onde questões como a fome, o emprego, a escola dos filhos e a aposentadoria dos mais velhos se encontravam no centro da agenda – e ali devem permanecer enquanto a Venezuela, ao lado de seus vizinhos, permanecer um país de muitas oportunidades para poucos e uma imensa desigualdade amargada por quase todos.
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