Derrota da extrema direita confirma importância do voto das mulheres
'O eleitorado feminino é importante para impedir mudanças regressivas que se tornaram tendência nociva de nossa época', escreve o colunista Paulo Moreira Leite
A luta não terminou mas as brasileiras e brasileiros que se mobilizaram para denunciar um vergonhoso projeto que pretendia transformar a interrupção da gravidez após 22 semanas de gestação em crime equivalente a homicídio, alcançaram uma vitória de valor histórico.
Produzida nos porões mais reacionários do Congresso, patrocinado pelo presidente da Câmara Arthur Lira, o projeto não traduzia nem a mais remota preocupação com a preservação da saúde das mulheres, nem com a proteção de qualquer direito democrático.
A finalidade do projeto era acima de tudo política, em versão de barbárie discriminatória -- humilhar, silenciar e punir as mulheres, sem distinção de raça ou classe social, por duas razões que não custa lembrar aqui, com ajuda de alguns números essenciais.
Titulares de 52,6% dos votos em disputa, contra 47,3% do eleitorado masculino, as eleitoras brasileiras tiveram e terão, obviamente, um papel fundamental nas eleições brasileiras. Basta recordar o segundo turno de 2022. Lula derrotou Bolsonaro por uma margem apertadíssima -- 50,90% dos votos válidos contra 49,10% -- para compreender o que a importância da questão.
Um levantamento do Poder 360 mostra um comportamento politicamente diferenciado sobre eleitores e eleitoras. Enquanto Lula perdia para Bolsonaro por 53% a 47% no eleitorado masculino, consumava uma vantagem de 58% a 42% entre as mulheres, vantagem decisiva para um placar final a favor da candidatura do PT.
Um ano e meio após a derrota da extrema direita nas eleições presidenciais, evento que enfraqueceu um projeto de fascistização da América do Sul, a decisão da Câmara ajudou a neutralizar um esforço de recuperação das forças mais reacionárias do país, de ôlho no pleito presidencial de 2026.
Ao retirar o projeto de pauta, com a promessa de retornar com musculatura reforçada, a extrema-direita tenta mostrar que não jogou a toalha. A ver.
Em qualquer caso, o resultado de ontem confirma a importância do eleitorado feminino, não só para garantir vitórias importantes no Congresso, mas para impedir mudanças regressivas que se tornaram uma das tendências nocivas de nossa época.
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