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      Francisco Calmon

      Ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça; membro da Coordenação do Fórum Direito à Memória, Verdade e Justiça do Espírito Santo. Membro da Frente Brasil Popular do ES

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      Dois pontos: 1. a inacreditável perda de 11 pontos do governo Lula; 2. a política porra-louca de Trump

      Ele aposta alto, tem que pagar para ver se é blefe, senão, submetem-se.

      Lula e Donald Trump (Foto: Ricardo Stuckert/PR | REUTERS/Brendan McDermid)

      A extrema direita não é ocasional. É histórica e não faleceu, permaneceu viva mesmo com a derrota militar na Segunda Guerra.

      Com a Guerra Fria, o Ocidente foi cúmplice da ideologia extremista, sob liderança da Inglaterra e dos EUA. Não travaram uma luta decisiva contra essas ideologias exóticas.

      Submissão ou guerra, eis o dilema internacional que Trump quer aterrorizar o mundo. Aterroriza para sentir a reação, mas como distinguir blefe de aviso? Ele usa os dois. Pode ser que a psicologia ajude a identificar as características do blefe e as do aviso.

      Ele aposta alto, tem que pagar para ver se é blefe, senão, submetem-se.

      Os EUA vivem de propaganda mentirosa. Têm miséria, racismo, concentração de renda, números obscenos de tiroteios em escolas, xenofobia, ascensão de células neonazistas, crise do fentanil (novas ondas de overdoses estão em crescimento constante desde 2023), o custo da moradia está exorbitante…

      O que os países do Eixo — Alemanha, Itália e Japão — na segunda guerra mundial tinham em comum? A política de anexação. A Alemanha planejava anexar quaisquer territórios com alemães étnicos e povos germânicos, em prol de fazer um Grande Reich (império) Germânico e ariano. O Japão, em 1910, invadiu a Coreia e impôs um regime de terror absoluto no país, forçando um Tratado Japão-Coreia que colocou a Coreia na posição submissa de protetorado. A Itália, sob um regime fascista, buscava expandir seu território para restaurar a "glória do Império Romano" e fortalecer sua posição estratégica no Mediterrâneo; as anexações da Etiópia e da Albânia são um exemplo claro disso.

      Na atualidade, a política externa de Trump tem características semelhantes. Já prometeu que iria anexar a Groenlândia e fala constantemente do interesse de anexar o Canadá, apoia a política expansionista de Israel no Oriente Médio, e vai fechar acordo com a Rússia para a anexação de parte da Ucrânia (aqui não entro no mérito).

      Elon Musk, o todo poderoso do governo estadunidense é inimigo da democracia, é nazista assumido em gestos e discursos, vem sendo de uma forma aberta um ideólogo militante em quase todo o mundo para uma nova ordem: a da autocracia dos bilionários da tecnologia, através da qual pretendem conseguir a submissão dos estados e líderes. 

      A política protecionista de Trump é um retrocesso, que já foi vivido. A produção do mundo era menor; com a globalização, houve um impulso de crescimento significativo. Por exemplo, o PIB mundial de 1988 foi de 19,55 trilhões de USD, já o de 2023 foi de 105,4 trilhões de USD, demonstrando um aumento de 439%, permitindo a alavancagem de outros países e, gradativamente, colocando em xeque o unilateralismo, principalmente com o crescimento avassalador da China, sob um sistema experimental de socialismo, no qual o Estado detém o poder de planejar e controlar a economia de mercado, evitando sua irracionalidade e crises cíclicas, isto porque conta com uma estrutura política democrática centralizada.

      Os Estados Unidos são um país terrorista: bloqueiam bens de terceiros, saqueiam, roubam até aeronaves de outro país (Venezuela), não respeitam nenhuma lei internacional, nenhuma regra civilizatória. Trump pratica a política do faroeste, do mais forte pistoleiro ao sol do meio-dia.

      Entre aceitar o multilateralismo, os EUA podem optar pela guerra, na premissa de que, por pior que seja o resultado, eles sobreviverão como um dos polos.

      O dólar está furado! Ocorre que os BRICS, sob a presidência do Brasil, estão quietos demais. Se os BRICS não avançarem na utilização de outras formas de comercialização e cederem ao império do dólar, vamos passar quatro longos anos ouvindo os discursos alucinados e distópicos de Trump, se não houver resistência da sociedade norte-americana e internacional, pois ele não terá nenhum motivo para segurar suas próprias rédeas.

      Trump é o arquétipo em estado bruto do quarto Reich.

      O Brasil é um grande país, com potencial imenso, povo e recursos naturais, mas tem uma burguesia submissa e um empresariado entrelaçado com o capital financeiro estéril, que suga e não produz. A economia enche a barriga, mas não forma consciência. 

      É proibido crescer na cartilha do Banco Central e do empresariado conservador, pois temem uma economia com pleno emprego e uma classe trabalhadora numerosa, qualificada e empoderada.

      O Itamaraty faz a política, a equipe econômica faz a reciprocidade de taxas em relação às medidas protecionistas do ditador do Império. E o Lula se reserva para defender o Brasil e os BRICS.

      Internamente, no Brasil, a esquerda se pergunta: vou apoiar um governo de centro-direita? A direita se pergunta: vou apoiar um governo petista?

      O governo não tem identidade, não tem marca. E nem comunicação. O atual ministro é assessor de marketing do presidente e não ministro de comunicação. Até o presente momento, não fez comunicação sistemática de informação e formação política. Quem continua sendo o agente do bateu-levou é a Gleisi.

      O Brasil está tão direitista e sem contraditório que assusta. Será que foi abolida a luta de classes?

      O cenário digital brasileiro é a prova viva de como as fake news são uma das ferramentas políticas mais eficazes atualmente, pois, no governo atual, atingimos a menor taxa de desemprego da história, menor inflação desde o Plano Real, salário mínimo acima da inflação, medicamentos sendo distribuídos gratuitamente para a população, poupança de quase 10 mil reais para alunos que estão se formando no ensino médio, PIB com ótimo crescimento, e, mesmo com tantos avanços, a aprovação popular do Lula caiu 11 pontos nas últimas pesquisas.

      Em dois meses, cair 11 pontos na aprovação do governo é um fenômeno digno de estudos por especialistas em pesquisas, porque para analistas políticos e militantes está cheirando à Folha, jornal velho da ultradireita, agitadora e golpista à democracia.

      A aprovação em 24% significa que chegou ao patamar sólido do lulismo, daí para baixo pode ser irrecuperável.

      Contudo, acende o sinal amarelo.

      Governo e lideranças, quase em consenso, estão apontando a causa do decréscimo de apoio da sociedade ao governo na comunicação. Será que é forma ou conteúdo que falta?

      Comunicar, é comunicar alguma coisa, o que há para ser transmitido? Quais bandeiras que o povo e o governo têm em comum para serem levadas em simbiose?

      Quais metas este ano o governo tem para que o povo engrosse a marcha para conquistá-las?

      A política das três refeições não sensibiliza mais a população, especialmente com a inflação. O povo necessita imaginar um outro futuro. Para isso precisa sonhar e esperançar. 

      Sonhar com o quê? Se não há um plano estratégico no qual seja apontado qual Brasil que as forças democráticas querem construir e quais as metas anuais para alcançar o objetivo macro do País para as próximas décadas.

      A sociedade não se automobiliza, precisa de incentivos de propaganda, de agitação, enfim, de fomento, porque a economia enche a barriga, mas não forma consciências.

      Apesar dos bons números da economia, o que predomina é o terrorismo da mídia, do mercado e do BC.

      Frente à política imperialista dos EUA, o Brasil precisa de unidade patriótica.

      Ocorre que a extrema-direita é integrista, vassala do império, sem contar que dentro de nosso próprio governo de centro-direita há também os falsos nacionalistas, há sabujos dos norte-americanos. Sem pressão da esquerda, o governo será mais e mais sequestrado pela direita.

      Depois da destruição das guerras, a reconstrução. Quem faz e quem ganha? O capital! É o capitalismo de desastre, que o império do mal e o ditador Trump são obsessivos implementadores. Até quando assistir?

      Lula continua muito lúcido e com boa energia, mas cercado por fora e minado por dentro. A reforma necessita ser pela esquerda

      .

      Enfrentar o trumpismo e o bolsonarismo é um desafio hercúleo, que não depende só do governo para vencer, e, sim, de toda a sociedade.

      A bandeira anticapitalista e imperialista necessita ser reerguida em todo o mundo como foi em 1968.

      A história não volta, mas inspira.

      A esquerda de nome e de compromisso com o socialismo está adormecida.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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