Dominação tecnológica dos maiores oligopólios da história da humanidade
'Comparar riquezas de um e outro setor ajuda a entender o avanço do capitalismo e o nível de acumulação de suas corporações', escreve o colunista Roberto Moraes
Um pouco mais sobre o processo que tenho chamado de "Dominação Tecnológica" imbricada e financiada pela hegemonia financeira e articulada às relações poder. Geoeconomia e geopolítica no capitalismo contemporâneo.
Atualizando alguns indicadores para uma aula nessa próxima semana, eu produzi o quadro abaixo que permite várias leituras, entre elas destaco algumas.
Antes, porém, devo registrar que mesmo usando, não parece adequada a comparação dos dados e da digitalização com o petróleo ou de que eles seriam o novo petróleo, como se faz muitas vezes. Não. Essa comparação não ajuda e até atrapalha a entender uma série de questões relacionadas à produção de valor a partir dos dados que não existem de forma natural (in natura). Sua captura depende da direção dada à programação algorítmica e a partir daí o seu uso vai ganhando valor e produzindo acumulações. Aqui, o uso do valor das corporações de petróleo no quadro tem a intenção apenas de mostrar o porte dos oligopólios das Grandes Corporações Digitais (GCD) quando comparadas à acumulação produzida pelos grandes players deste setor de energia. Comparar o volume de riquezas de um e outro setor pode ajudar a entender em termos totalizantes o avanço do capitalismo e o nível de acumulação de suas corporações, mesmo que em processos distintos.
Assim, vamos ao quadro e, em seguida, algumas leituras extraídas desse dados e indicadores:

1) Sete das dez (7/10) maiores corporações com capital aberto em valor de mercado do mundo são do setor de tecnologia, duas do setor financeiro e uma petroleira.
2) O valor somado das 10 maiores corporações de tecnologia (Big Techs) no mundo alcança US$ 17,7 trilhões, enquanto as 10 maiores petroleiras globais somadas chegam a US$ 3,5 trilhões.
3) Uma relação que hoje chega a 5x mais. Há um ano essa relação era de 4X. Há 20 meses de 3X. Ou seja, acelera-se a diferença.
4) As seis maiores corporações digitais do mundo têm valor de mercado acima de U$ 1 trilhão cada. A Apple sozinha tem praticamente o dobro do valor de mercado da maior petroleira do mundo, a saudita Saudi Aramco. A Microsoft também sozinha se aproxima disso.
Vale lembrar que tudo isso ocorre depois do baque gerado no mercado de capitais do Ocidente, em função da divulgação da eficiência da companhia chinesa Deep Seek em sua atuação na programação da Inteligência Artificial dentro do setor de tecnologia.
Porém, essa realidade se dá dentro da conjuntura em que as Big Techs americanas (todas na lista) abraçaram o governo Trump a partir do misto de dono de Big Tech e autoridade governamental Ellon Moska.
Geoeconomia e geopolítica juntas e misturadas. Bem para além dos dados e indicadores econômicos e políticos é preciso que se compreenda melhor e mais profundamente como o "ambiente digital" ou "omnicanal", entre o público e o privado que vai se originando com a "digitalização de quase tudo" vem alterando nossa forma de pensar, agir e também deslocando a lógica da produção cada vez mais plataformizada.
A tecnologia digital é extremamente atrativa e não é um problema per si, mas a questão é o que se faz dela, como se faz e para quem se faz. Dados digitais passaram a servir como fator de produção e a tecnologia como meio e modo de produção.
A tecnologia digital atua sobre todos os setores de forma transversal, assim como as finanças. É transetorial, multidimensional e transescalar em termos espaciais, fato confirmado pela presença das Big Techs (plataformas-raiz) sobre todos os negócios e em todos os lugares do mundo, que explica esse gigantismo econômico, com oligopólios trilionários jamais visto na história da humanidade.
Como se sabe, tudo isso vai muito além da reestruturação produtiva e da comunicação das redes sociais que invadem o nosso tempo e capturam nossos dados, porque avançam sobre nosso emprego, nosso dia-a-dia, manipulam a política e subjugam a soberania dos nossos países.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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