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    Leonardo Attuch

    Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas Istoé e Nordeste

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    Enquanto o Ocidente mergulha no caos, a comunicação chinesa está alinhada ao conceito de paz e desenvolvimento

    É impossível entender como funcionam os meios de comunicação chineses sem antes mergulhar no conceito essencial das reformas de Deng Xiaoping

    (Foto: Xinhua)

    A comunicação pública, ainda tão pouco valorizada no Brasil, é um pilar essencial para a construção de uma sociedade estável e voltada ao progresso. Na China, esse sistema tem sido conduzido de maneira estratégica, alinhando-se ao conceito de “paz e desenvolvimento”, princípio fundamental estabelecido no processo de reformas de Deng Xiaoping (1904-1997), que guia tanto a política interna quanto externa do país. Em contraste, o Ocidente, com sistemas de comunicação majoritariamente privados e dominados por bilionários, hoje assiste à degradação de sua esfera midiática, transformada em um campo de batalha de narrativas que fomentam ódio, desinformação e radicalização política.

    Em um primeiro artigo publicado no dia 14 de março, tanto no site chinês Guancha como no Brasil 247, destaquei como a comunicação pública na China reflete uma estratégia deliberada de alinhamento das narrativas midiáticas com as prioridades do desenvolvimento nacional. Agora, avanço nessa discussão, analisando como a ideia de “paz e desenvolvimento” tem sido central não apenas para a política chinesa, mas também para o modelo de mídia do país, que se distancia das dinâmicas ocidentais de caos informacional.

    O modelo chinês de comunicação pública tem como base a estabilidade e o crescimento econômico, priorizando o fortalecimento da coesão social e a promoção do progresso coletivo. Em vez de estimular a polarização, como ocorre no Ocidente, a mídia chinesa enfatiza valores como o desenvolvimento sustentável, a erradicação da pobreza e a harmonia social. Essa abordagem tem permitido ao país consolidar uma governança eficaz e preservar a unidade nacional, mesmo diante dos desafios impostos por um mundo multipolar e repleto de disputas geopolíticas. A meu ver, a China não é um país estável porque cresce. Ao contrário, cresce e se desenvolve exatamente por ser estável – e esta busca pela estabilidade está diretamente relacionada ao seu modelo de comunicação social.

    O Ocidente, por outro lado, caminha na direção oposta. A chamada “liberdade de imprensa”, frequentemente exaltada como um dos pilares da democracia, tem sido instrumentalizada para disseminar desinformação e criar um ambiente de permanente instabilidade política. A ascensão de discursos extremistas, alimentados por veículos tradicionais e redes sociais, tem intensificado o ódio entre diferentes grupos e enfraquecido a confiança nas instituições. Exemplos desse fenômeno são evidentes nos Estados Unidos, no Brasil, na Argentina e em vários países da Europa, onde o crescimento da extrema-direita se apoia na manipulação midiática e na propagação de notícias falsas para angariar apoio popular.

    Além disso, a comunicação ocidental é marcada por uma clara subordinação aos interesses do grande capital. Empresas de mídia estão cada vez mais vinculadas a corporações e grupos financeiros que determinam quais narrativas devem ser impulsionadas. Esse controle seletivo da informação não apenas distorce a realidade, mas também alimenta guerras culturais que distraem a população das verdadeiras questões socioeconômicas. Enquanto isso, na China, a comunicação pública mantém um foco no interesse nacional, garantindo que a informação seja tratada como um instrumento de coesão e não de divisão.

    A ideia de “paz e desenvolvimento”, lançada por Deng Xiaoping, não se restringe apenas à política econômica e diplomática da China, mas também influencia a forma como a informação é estruturada no país. Em vez de alimentar disputas ideológicas intermináveis, a mídia chinesa busca reforçar um discurso de unidade e progresso. Essa estratégia tem garantido que o país continue a avançar, enquanto o Ocidente se perde em crises midiáticas que apenas aprofundam suas divisões internas.

    A diferença entre os modelos midiáticos de China e Ocidente reflete uma questão mais ampla: o embate entre um sistema que busca a estabilidade e o progresso e outro que se alimenta do caos. A radicalização política no Ocidente não é um fenômeno espontâneo, mas sim o resultado de um sistema midiático falido, que prioriza cliques e engajamento em detrimento da verdade e da responsabilidade social.

    Ao adotar uma abordagem mais centrada no bem comum, a China tem conseguido utilizar sua comunicação pública para reforçar um modelo de governança baseado no desenvolvimento pacífico. Enquanto isso, no Ocidente, a mídia segue alimentando um ciclo vicioso de crises e desinformação que mina a confiança da população e aprofunda as divisões políticas. No longo prazo, a estabilidade chinesa pode se mostrar uma vantagem estratégica decisiva diante do caos midiático ocidental.

    Este é o segundo artigo de uma série sobre como vejo a relação entre mídia e desenvolvimento nacional. No primeiro, publicado em 14 de março, discuti como a comunicação pública deveria ser utilizada como um instrumento de fortalecimento da soberania dos países do Sul Global. Neste, busco aprofundar a reflexão sobre o modelo chinês, que, ao se ancorar na paz e no desenvolvimento, demonstra ser um fator crucial para a estabilidade e o crescimento sustentável da China.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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