Esses economistas mortos e vivos
Por fim, fico surpreso por estarem enaltecendo Delfim Netto, muito mais do que Maria da Conceição Tavares
Quando o dólar subia e a bolsa caía, a culpa era de Lula e seus comentários. Agora que o inverso acontece, parece que os especialistas em análise econômica precisam se desdobrar para encontrar causas outras que não sejam o mesmo presidente Lula e seus atos. Mas há outros fatos de difícil explicação dentro desse inexistente modelo de capitalismo leve e suave.
Deirdre McCloskey volta a fazer contas rasteiras em sua coluna da Folha de S. Paulo, isso não é novidade. Tentou dizer que os preços não devem ser controlados, pois as santas empresas sabem que não podem cobrar menos do que valem nem acima do que o consumidor consegue pagar. Gostaria de saber em que mundo ela vive em que não exista monopólio. Isso ela também critica, mas afirma que o problema são os monopólios estatais, não os privados.
Relaciona-se tal postura com a de Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira de Comercialização de Energia (Abraceel), em artigo para a mesma Folha de S. Paulo (“Transição energética além da descarbonização”, 14/8). Ele apropriadamente defende que o consumidor deva ser protagonista e faz um jogo de palavras começadas por D – digitalização, descentralização e por aí vai. Interessante, mas fora da realidade o argumento, pois outro D é o da descrença. O consumidor já está cansado da balela de ter liberdade de escolha e acaba por ser obrigado a escolher o único fornecedor de serviço que atende sua região. Para telefonia já é limitado, será ainda mais para energia.
Por fim, fico surpreso por estarem enaltecendo Delfim Netto, muito mais do que Maria da Conceição Tavares. A música “Cálice” cantava “de muito gorda a porca já não anda” e acreditavam os militares ditadores de plantão que o trecho se referia ao ex-ministro. Ledo engano, dito popular corriqueiro que é. O camaleão Delfim Netto foi de avalista do AI-5 a conselheiro de Lula, passando por ilusionista da economia, ao forjar um “milagre econômico” que nunca houve. Sua vida e carreira mostram que até os maus conseguem se reinventar.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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