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    Marcia Tiburi

    Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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    Gisèle Pelicot, 72 anos, sedada e estuprada

    "O que essa história tem a nos ensinar? "

    Gisele Pelicot (Foto: Reuters - Manon Cruz)

    Não se fala em outra coisa na França e pelo mundo afora. A história de Gisèle Pelicot, mãe de 3 filhos, avó de 7 netos, uma mulher comum, uma trabalhadora aposentada vivendo na pacata cidade de Mazan, é uma história de estarrecer.

    Tudo parecia muito normal, a não ser o fato de que o marido com quem ela estava casada há 50 anos era ao mesmo tempo seu algoz, o hábil coordenador de outros 51 homens que ele convidou ao longo de 10 anos para estuprá-la. 

    Que haja um lado sombrio nas vidas aparentemente normais é fato na história de muitas mulheres: um marido que não é um companheiro, mas um abusador e, em muitos casos infelizmente  extremos, até mesmo um assassino. 

    Gisèle Pelicot descobriu que o marido a sedava para submete-la a estupros coletivos desde pelo menos uma década, tempo dos registros. Podemos imaginar que muito mais aconteceu sem que ela tenha ficado sabendo. 

    O marido foi descoberto pela polícia numa prática de voyeurismo chamada Upskirting, que consiste em fotografar ou filmar por debaixo das saias de mulheres nas ruas. Sua própria filha foi vítima das câmeras invasoras do pai. 

    Gisele decidiu não esconder o seu caso e o debate sobre o estupro, principalmente o conjugal, voltou à tona na França. 

    Como ela mesma declarou, seu objetivo era virar a chave da vergonha. Não é uma mulher violentada que deve sentir vergonha da violência que sofre, mas é ao violador que cabe esse ônus.

    A partir desse ato heróico de Giselle Pelicot, muitas mulheres irão se encorajar e devolver a infâmia a quem realmente ela cabe. A moral do machismo que rebaixa uma mulher à carne ou, pior, a plástico, ou seja, à nada, está escancarada.  A falência da masculinidade é evidente. Nenhum homem foi capaz de se solidarizar com ela. Não precisamos dizer mais nada.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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