Gleisi: Lula acerta ao combater a carestia de alimentos e deve enfrentar também a alta injustificada dos combustíveis
“O presidente, sintonizado com a realidade e o sentimento do povo brasileiro, identificou o justo descontentamento com o alto preço dos alimentos", disse ela
O governo passou o ano passado tocando bumbo para a melhora de indicadores como o crescimento do PIB e do nível de emprego, mas foi lembrado, pelo próprio presidente Lula, de uma famosa frase da economista Maria da Conceição Tavares: “O povo não come PIB, come alimentos”. Na reunião ministerial de segunda-feira, Lula pediu um mutirão de ministros para baixar o preço dos alimentos: “Agora é união, reconstrução e comida barata na mesa dos brasileiros”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que não poupa a equipe econômica quando discorda das medidas, puxa aplausos do partido à iniciativa de Lula e sugere que ele siga nessa linha, dando combate a outras situações que prejudicam a aprovação do governo, apesar dos bons indicadores macroeconômicos e de avanços em outras áreas. Ela cita como exemplo as altas frequentes nos preços dos combustíveis, embora a Petrobras não esteja decretando aumento nas refinarias. Diz ela:
“O presidente, sempre sintonizado com a realidade e o sentimento do povo brasileiro, identificou o justo descontentamento com o alto preço dos alimentos e em boa hora determinou a busca de soluções. Essa carestia, que tem causas diversas, estava comprometendo o sucesso das políticas que geraram milhões de empregos, aumentaram a renda das famílias e atraíram investimentos que trarão mais benefícios para o país. Espero que ele continue enfrentando outras situações que prejudicam a correta avaliação do governo.”
Gleisi atribui à privatização da BR Distribuidora, que deixou a distribuição dos combustíveis sob controle exclusivamente privado, os aumentos frequentes nos preços, mesmo sem alteração nos preços da Petrobras nas refinarias. Alguns governadores também têm alterado as alíquotas de ICMS, gerando variações no preço final. Gleisi não sugere medidas específicas, mas afirma que o governo dispõe de instrumentos para coibir esses aumentos.
Outra medida que ela considera urgente é o envio ao Congresso da proposta de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma promessa de campanha do presidente, cujo resgate pode ajudar a mitigar as sequelas do caso da crise do Pix. Para Gleisi, o governo acertou ao revogar a Instrução Normativa da Receita que, embora não tenha proposto qualquer taxação do Pix, foi alvo de uma avalanche de fake news que gerou uma onda de irritação popular. Sem o recuo, a extrema direita continuaria fustigando o governo com a mentira, e a revogação acabaria sendo imposta pelo Congresso, por meio de decreto legislativo.
Para a questão dos alimentos, um comitê composto pelos ministros Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) começou a atuar ontem, coordenando o esforço determinado por Lula. Alguns alimentos estão caros por razões sazonais, como parte dos hortifrutigranjeiros. Outros, devido ao aumento das exportações, tiveram a oferta interna reduzida, elevando os preços, como no caso da carne, beneficiada pela abertura de mercados promovida pelo próprio governo. Por isso, há quem defenda que Lula convoque os poucos grupos que dominam o setor para exigir uma retribuição, equilibrando a repartição da carne entre o mercado interno e o externo.
Empresários do setor varejista consultados recentemente por Lula informaram que os preços de 35 produtos de largo consumo cresceram 7,30% em 12 meses. Já os 12 produtos que compõem a cesta básica tiveram um aumento de 11,14% no período. As carnes subiram 20,84% no ano passado, enquanto o café moído disparou 39,6%. No cálculo geral, o segmento de alimentos e bebidas foi o que mais pesou na inflação de 2024, com alta de 7,69%. O arroz voltou a subir, e o saco de 5 kg varia entre R$ 24 e R$ 30.
As medidas estão em estudo, e Lula tem pressa. Em alguns casos, como o do arroz, a questão pode ser resolvida com estoques reguladores ou importação. No caso de produtos de exportação, a solução é mais complicada: para não perder o lucro da exportação, os produtores acabam dolarizando os preços internos. Um recurso extremo poderia ser a taxação de exportações, mas isso, por ora, não está no cardápio.
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