TV 247 logo
    Milton Alves avatar

    Milton Alves

    Jornalista e sociólogo

    194 artigos

    HOME > blog

    Greve dos trabalhadores da PepsiCo em SP coloca luta pelo fim da jornada 6×1 no chão da fábrica

    'Partidos de esquerda precisam reforçar a criação de uma campanha nacional unitária pelo fim da escala 6×1', escreve o colunista Milton Alves

    Ato contra a escala 6 x 1 no Brasil (Foto: Letycia Bond / Agência Brasil)

    ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

    A greve dos trabalhadores da PepsiCo nas plantas de Itaquera, zona leste paulistana, e de Sorocaba, município do sudeste paulista, projeta um novo capítulo na luta pelo fim da desumana jornada 6×1, mobilizando pela primeira vez os trabalhadores em torno dessa bandeira no próprio local de trabalho, ou seja, no chão da fábrica.

    Após as manifestações de 15N, impulsionadas pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que reuniram milhares de pessoas em todo o país, a demanda classista ganha uma crescente adesão de diversos segmentos na classe trabalhadora tradicional.

    A greve iniciada no domingo passado (24) prossegue e tem despertado a solidariedade do conjunto do movimento sindical. Em nota as centrais sindicais manifestaram apoio aos trabalhadores da PepsiCo: “Manifestamos apoio e solidariedade aos trabalhadores das fábricas de São Paulo e de Sorocaba da PepsiCo, em greve comandada pelos Sindicatos da categoria desde domingo, dia 24/11. É justa e legítima a reivindicação da redução da pesada jornada de trabalho através do fim da escala 6X1, sem redução salarial. Trabalhar seis dias da semana é uma carga desumana que consome o trabalhador e praticamente inviabiliza outras atividades, como o convívio familiar, lazer e formação, tornando-se um ciclo vicioso já que o impede de buscar ascensão profissional”, afirma um trecho da nota assinada pela CUT, Força Sindical, UGT, CTB, entre outras.

    O sindicato da categoria tem enfrentado a intransigência da PepsiCo que insiste em implementar a jornada de 6×1 e 6×2, um regime de trabalho abusivo e extenuante. A proposta do sindicato tem como referência a jornada de trabalho na Espanha, que será de 37,5 em 2025.

    Atualmente, a jornada de trabalho estabelecida pelo artigo 7° da Constituição, garante ao trabalhador uma carga horária não superior a oito horas diárias e 44 horas semanais. O texto da PEC apresentada pela deputada Erika Hilton(PSOL-SO) propõe reduzir a carga semanal para 36 horas de trabalho e sem a redução de salários. Há ainda a proposta do deputado Reginaldo Lopes (PT-BH) que defende a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais no prazo de uma década. A PEC 221 do petista foi apresentada em 2019.

    Uma campanha nacional pela redução da jornada de trabalho

    A luta pelo fim da desumana escala 6×1 precisa estar conectada com a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução salarial e pela revogação das regressivas reformas trabalhistas e previdenciária, uma promessa de campanha feita pelo presidente Lula. Portanto, uma luta contra a precarização das condições de trabalho, um dos pilares da ofensiva patronal e dos governos neoliberais contra os direitos dos trabalhadores.

    Há ainda um conteúdo mais profundo na batalha pelo fim da jornada 6×1, uma batalha pelo tempo, pela vida, por uma existência que garanta a fruição intelectual, a criatividade, o estudo, o ócio e o lazer, uma formação humanista mais ampla do trabalhador, a aquisição de uma consciência de classe, como dizia Karl Marx, a transformação de “classe em si para si”.

    Neste sentido, as organizações sindicais e os movimentos sociais comprometidos com a luta contra os brutais mecanismos da exploração capitalista, ampliados com as novas formas de contratação e regimes de trabalho, têm a tarefa de convocar uma poderosa jornada nacional de mobilização pelo fim da escala 6X1, organizando comitês de ação nas empresas e nos bairros, para pressionar o Congresso Nacional e assegurar que essa demanda seja pautada no parlamento no início de 2025.

    Além disso, os partidos de esquerda, os que também integram a base de apoio e sustentação do governo Lula, precisam reforçar a criação de uma campanha nacional unitária pelo fim da escala 6×1, coordenando as atividades de rua e no parlamento com a estrutura do movimento VAT.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

    iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

    Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

    Relacionados