Joias, Abin paralela e o déspota fanfarrão
'O governo Bolsonaro usou instrumentos do Estado para atacar o próprio Estado', escreve o colunista Florestan Fernandes Jr.
A venda das joias sauditas e o escândalo da Abin paralela, têm um ponto em comum: o comportamento imperial de Bolsonaro, a visão patrimonialista que tem da coisa pública. Bolsonaro é o oposto absoluto da ideia de república ("res" publica, ou seja, coisa pública). Desde que era presidente, as declarações foram muitas: o "meu exército", Palácio da Alvorada, como "minha casa".
É assim que essa gente bolsonarista encara a coisa pública, as instituições: como propriedade privada, como instrumentos de satisfação dos próprios interesses, que via de regra são o oposto dos interesses nacionais. Não se constrangem em usar a estrutura do estado pra enriquecer, como vimos no caso das joias; para perseguir opositores e vigiar aliados. E aqui, um parêntese: aliados sempre eventuais, pois Bolsonaro não confia em ninguém.
Não se constrangem em usar instrumentos do Estado para atacar o próprio Estado, como vimos na tal reunião gravada com Ramagem, em que tramaram a perseguição dos agentes do Estado que, por cumprirem seu papel, acabaram prejudicando Flávio Bolsonaro, o príncipe da Rachadinha.
É essa a turma que quer eleger 1000 prefeitos este ano, é essa turma que quer, em 2026, tomar o Senado para impichar ministros do STF.
É dessa turma que a democracia precisa, por todos os meios, se defender. É questão de sobrevivência.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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